Sessão precedeu debate com a presença do cineasta Renato Barbieri
A realidade cruel do trabalho escravo. A história de Marinaldo Soares Santos, escravizado 13 vezes e liberto em três diferentes. Depoimentos de abolicionistas modernos e trabalhadores rurais que foram vítimas da escravidão contemporânea.
Esse é o enredo do documentário “Servidão”, dirigido por Renato Barbieri e Neto Nunes, com a narração da cantora Negra Li, exibido nesta quinta (2/5), no 21º Conamat, que acontece em Foz do Iguaçu (PR).
A produção, que contou com o apoio institucional da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), revela os desafios para a erradicação do trabalho escravo no Brasil. Embora as condições de trabalho análogas à escravidão sejam consideradas crimes previstos no Código Penal Brasileiro, o regime de servidão ainda pode ser visto em diversos cantos do país. Após 136 anos da assinatura da Lei Áurea, estima-se que existam uma média de 369 mil brasileiros vivendo em relações de trabalho escravo.
A exibição do documentário foi seguida de debate com a presença do cineasta Renato Barbieri e as participações da diretora de Cidadania da Anamatra, Patrícia Sant’Anna, e da juíza do Trabalho Gabriela Lenz de Lacerda, auxiliar da Presidência do Tribunal Superior do Trabalho.
Em sua fala, Barbieri destacou a importância do apoio institucional que tem recebido do sistema trabalhista para a suas produções. O cineasta também dirigiu o premiado longa “Pureza”, estrelado por Dira Paes, que conta a história real maranhense Pureza Lopes Loyola, mulher que, durante três anos, desafiou todos os perigos para encontrar seu filho e se tornou um símbolo internacional do combate ao trabalho escravo. ‘Nessa jornada de criar os arcos institucionais para cada filme, filmes sociais, filmes de impacto, eu nunca vi um segmento tão mobilizado como os temas de trabalho’.
‘O mérito do “Servidão” é justamente nominar o que o Pureza traz. A produção nos ajuda a entender essa estrutura social. Um filme complementa o outro, eles dialogam’, avaliou a juíza Gabriela Lenz de Lacerda. A magistrada também falou da importância de as pessoas brancas se comprometerem com uma pauta social antirracista.
A diretora da Anamatra, Patrícia Sant’Anna lembrou que a erradicação do trabalho escravo no Brasil é uma das importantes bandeiras da Associação na área de Direitos Humanos. ‘Os filmes trazem uma comunicação muito eficiente e um letramento a respeito da escravidão que é necessário neste momento que nós vivemos no nosso país’.
21º Conamat
O 21º Conamat, uma realização Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), acontece de 1º a 4 de maio, em Foz do Iguaçu (PR) e reúne diversos especialistas para a discussão do tema: “Justiça do Trabalho, Existe, Resiste, Persiste: valorização da magistratura do trabalho, democracia, competência e transformações tecnológicas”. Nesta edição, o evento conta com a parceria da Associação dos Magistrados do Trabalho da 9ª Região (Amatra 9/PR).
Confira as fotos do evento: https://www.flickr.com/photos/anamatra/albums/
Assista ao vivo: https://www.youtube.com/user/tvanamatra
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