Presidente Guilherme Feliciano fala da preocupação com os impactos das mudanças na condição social do trabalhador
O presidente da Anamatra, Guilherme, participou, no Ministério do Trabalho, em Brasília, da 2ª reunião do Comitê de Estudos Avançados sobre o Futuro do Trabalho. O encontro, realizado nesta terça (02/10), reuniu representantes do governo, do Judiciário, do meio acadêmico, de entidades de classe e sindicais de empregados e empregadores. Também acompanhou os debates o diretor de Assuntos Legislativos, Paulo Boal.
O Comitê tem como objetivo debater temas como a agenda do futuro do trabalho proposta pela OIT, a inserção das novas tecnologias nos processos de trabalho, o cenário do trabalho na América Latina e no Brasil e os impactos da indústria 4.0 no emprego.
Em sua intervenção, Feliciano defendeu que o debate seja feito a partir de uma perspectiva propositiva, em termos de políticas públicas, e tratou de algumas preocupações da entidade com relação aos impactos das novas tecnologias na condição social do trabalhador. “A nossa melhor contribuição, sem descer à minúcia dos setores econômicos, é apresentar as nossas próprias reflexões e apreensões, que têm guiado a nossa ação propositivo, até mesmo no âmbito parlamentar”, informou.
O primeiro aspecto que deve ser levado em conta, na visão do presidente, é a necessidade desse processo de modernização do mercado de trabalho vir acompanhado de políticas públicas de capacitação, e levar em conta a universalidade do mundo do trabalho, que reúne não apenas trabalhadores formais, mas informais. “Na nossa perspectiva, o processo é inexorável e desejável, mas as novas tecnologias e a indústria 4.0 devem se efetivar em sintonia com as realidades sociais do entorno”, defendeu. Segundo Feliciano, cada vez mais serão necessárias pessoas que pensem processos e cada vez menos serão demandadas pessoas que executem processos. Esse quadro deve ser levado em conta na definição das políticas públicas de emprego que virão.
Feliciano defendeu ainda a regulamentação de uma das promessas constitucionais de 1988, a saber, a proteção dos trabalhadores urbanos e rurais em face da automação. “Talvez devamos pensar em uma regulação que tenha dois focos: proteção de emprego, ainda que provisória, nos períodos de transição, e capacitação em médio e longo prazo”, disse.
Por fim, segundo o presidente da Anamatra, a introdução das novas tecnologias no mundo do trabalho deve vir acompanhada de esforços tendentes a atualizar as metodologias preventivas no campo da saúde e a segurança do trabalhador. “O que temos de regulação a respeito, relativamente aos novos riscos laborais, é quase nada”, criticou o presidente, exemplificando com os impactos do PJ-e na saúde de juízes e servidores da Justiça do Trabalho. “Precisamos desse norte, que deve se plasmar em estudos e ações concretas e não apenas uma carta de princípios”, finalizou.