A sociedade precisa assimilar a Recomendação 200 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para poder contribuir significativamente com o fim desinformação, dos mitos e preconceitos que envolvem a Aids no ambiente de trabalho. Essa é a opinião de Moysés Toniolo, que é soropositivo há mais de dez anos e integra a Rede Nacional de Pessoas que Vivem com HIV.
“Somente com a participação de todos nos espaços de discussão de políticas que afetam as vidas das PVHA (pessoas vivendo com HIV e AIDS) será possível propor uma legislação mais abrangente sobre o tema em nosso país”, disse Toniolo na abertura do seminário organizado pela Anamatra, Escola da Associação dos Magistrados do Trabalho do Paraná (Ematra) e a Escola Judicial do TRT da 9ª Região, que começou hoje (30/6) em Curitiba, com o objetivo de discutir a discriminação do trabalhador portador do vírus HIV.
Para Toniolo, a visão geral da sociedade, com reflexos diretos sobre o ambiente de trabalho, é o medo de que a doença crie um quadro de adoecimento, incapacidade das funções laborativas e a morte do trabalhador. “Esse estigma da doença impossibilita ao soropositivo continuar vivendo com dignidade. A pessoa infectada não precisa apenas de remédio, precisa do trabalho para garantir o mínimo de subsistência”, ressaltou.
O palestrante apresentou dados recentes do Ministério da Saúde que revelam 38 milhões de pessoas vivendo com o HIV em todo o mundo, a maioria dela entre 15 e 49 anos. “Isso significa que os trabalhadores que se encontram com sua máxima capacidade laboral representam o grupo geracional de maior risco e o mais afetado pelo impacto do HIVAids”, afirmou.
De acordo com Toniolo, o impacto da epidemia da Aids no mercado de trabalho atinge a estrutura social, econômica e cultural dos países, na medida em que acarreta diminuição do crescimento econômico, gerando perda de receita e aumento de gastos públicos com saúde e previdência.
A reversão desse quadro, segundo ele, é possível por meio do reconhecimento da doença como assunto de trabalho, com a promoção de ações educativas sobre o HIV e a Aids no ambiente laboral, e o acesso das pessoas infectadas a serviços de tratamento e apoio adequados. “As pessoas precisam pensar se conscientizar que a Aids não tem cura, mas tem tratamento se for diagnosticada”, finalizou.