Henry Mora Jiménez: "Alienação humana é resultado de nossa pretensão de tratar o trabalho como uma mercadoria a mais"

Primeiro conferencista do Conamat destaca os novos desafios advindos com o mundo globalizado

O XIV Conamat trouxe como primeiro conferencista do evento, do dia de hoje (30), o professor  Henry Mora Jiménez, que falou sobre o tema "Humanidade, trabalho e meio ambiente", contextualizado dentro da perspectiva da globalização. "Para sintetizar esses três temas escolho a palavra `vida`", afirmou o conferencista. O painel foi coordenado pela diretora de ensino e cultura da Anamatra, Fátima Stern.

 

Jiménez destacou que, nos últimos 60 aos, as ameaças advindas com a globalização demandam uma nova responsabilidade e uma nova cultura por parte da humanidade. Segundo o conferencista, o conceito de globalização difere da globalidade, um processo que já vem de 500 anos de modo progressivo e representa um corte histórico. "É um processo de universalização da história, que tem convertido o planeta no que denominamos de aldeia global", afirmou, lembrando que o marco dessa mudança foi o ano de 1945, quando o lançamento da bomba atômica de Hiroshima criou a possibilidade real de uma crise apocalípsica.

 

Para o conferencista, a humanidade vive uma crise de exclusão que afeta um percentual considerável da população humana, em especial no chamado terceiro mundo. "É a crise dos excluídos, dos desempregados, dos que o sistema denomina de população redundante", afirmou. Para Jiménez, o conceito de trabalho que conhecemos hoje é relativamente recente, e surge junto com o capitalismo industrial, e a relação capital versus trabalho. "O capitalismo industrial transforma a vida em trabalho, o tempo de vida em tempo de trabalho, criando a sensação de que o trabalho pode ser tratado como uma mercadoria a mais", afirmou. Para ele, a natureza vem sofrendo do mesmo problema, e sendo transformada em fator de produção.

 

Segundo Henry Mora, a atual estratégia de globalização neoliberal rompeu com o pacto sócio-político, retomando uma utopia transcendental, e impondo uma abertura indiscriminada dos mercados, flexibilizando-os. "Está em marcha uma estratégia mundial para reduzir toda a educação a uma produção de capital humano", alertou.

 

Finalizando a sua intervenção, Jiménez afirmou que a raiz da problemática da alienação humana e da destruição ambiental é resultante de nossa pretensão de tratar o trabalho como se fosse o trabalho como se fosse uma mercadoria a mais. A forma de enfrentamento desse problema, segundo o conferencista, é o desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade crítica, que vai além da política tradicional. "A liberdade não está na lei, a justiça não está na lei; mas sim na relação da lei com o ser humano e na capacidade dele de interpelar quaisquer delas que possam pôr em risco as condições da vida humana".

 

 

Clique aqui e leia a íntegra da conferência de Henry Mora Jiménez


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