Diante dos fantasmas da miséria, do sofrimento e da exclusão, os indivíduos se põem antolhos e são incapazes de enxergar o que se apresenta ao seu redor. Seu egocentrismo é responsável pelo triunfo da racionalidade econômica cruel e pela perenidade do discurso dominante distorcido e desinformador. Não lhes importa a precaridade do outro. Não lhes interessa se a divisão social do trabalho marginaliza os jovens, os mais velhos, as mulheres, os estrangeiros e outras minorias. Não é da sua conta se o governo fechou questão sobre a reforma previdenciária que achatará os benefícios previdenciários ou se a reforma trabalhista também já anunciada flexibilizará permanentemente os direitos trabalhistas em geral ou, ainda, se está em curso o desmonte da Justiça do Trabalho e da independência da Magistratura e do Ministério Público do país.
Sem uma consciência moral ampliada para o mundo distal, ficamos paralisados e incapazes de reagir coletivamente. E sem reação, ficamos rendidos à degradação do nosso viver. Permanecemos sob o regime do medo e admitimos a existência de um futuro despótico e cheio de incertezas.
O comportamento normopata sufoca o civismo, perpetua o sofrimento, garante privilégios e sustenta a exclusão. É necessário resistir e se formar um senso crítico mínimo em relação às reformas das garantias sociais que se avizinham. Resistamos, então, como Terêncio, para dizer: “Sou homem: nada do que é humano reputo alheio a mim”.
________________________________________________
O conteúdo dos artigos publicados no portal da Anamatra é de responsabilidade exclusiva de seus autores não refletindo, necessariamente, a posição da entidade.