Desde 1960
Tombamento e eleições
Passados 31 anos desde que Brasília recebeu o honroso título de Patrimônio Cultural da Humanidade, segundo avaliação feita pela Organização das Nações Unidas para a Ciência Educação e Cultura (Unesco), as comemorações sobre essa conquista inédita, desbancando, naquela ocasião, bens muito mais antigos e famosos como as Pirâmides do Egito, a Acrópole de Atenas e a Grande Muralha da China, as preocupações acerca da manutenção dessa façanha se sobrepõe as próprias comemorações.
O descuido com a preservação de nosso patrimônio histórico é patente e pode ser conferido com o dramático incêndio que consumiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, reduzindo a cinzas boa parte do acervo material que conta nossa história. Embora o tombamento como Patrimônio Cultural e o processo de emancipação política da capital tenham se dado em datas muito próximas , a decisão da Unesco em aceitar Brasília nesse distinto rol internacional, significou um enorme empecilho burocrático contra a investida destrutiva da especulação imobiliária que, nessa altura, atuava com grande desenvoltura.
A saída, pensada para driblar e romper as novas restrições veio justamente da união entre os empreendedores da construção civil e a nova classe política que emergiu com a emancipação. Dessa união, surgiu uma profusão de candidatos bancados diretamente pelos próprios empresários de olho nos rendosos negócios de terras no Plano Piloto e em todo o Distrito Federal. Não por outra razão, que a partir desse encontro formado por empreendedores gananciosos e políticos locais sem escrúpulos que os ataques contra o patrimônio passaram a acontecer numa constante surpreendente, o que necessariamente levou os técnicos da Unesco a incluir a decisão de reverter o ato de tombamento, pouco anos depois, incluindo a capital modernista entre os sítios passíveis de perderem, para sempre, o status de Patrimônio da Humanidade.
Com a maior área tombada do mundo - 112Km² - , Brasília poderia explorar muito mais a condição de turismo voltado para a arquitetura e urbanismo, mas os repetidos ataques especulativos ao seu desenho original, único em todo o mundo, tem afugentado a maioria dos turistas que viajam ao redor do planeta apreciando essas obras do gênio humano.
Para piorar uma situação, que se agrava a cada ano, com as alterações ao gabarito original da cidade que vão sendo costuradas a cada novo ciclo de governo e, principalmente, a cada nova legislatura que comporá a Câmara Legislativa, o silêncio e mesmo a ignorância demonstrada pelos novos postulantes que pretendem governar a capital, torna visível a pouca importância que dão ao tema do tombamento.
Para esses candidatos que ora se apresentam nas eleições gerais do DF, o tema tombamento significa, antes de tudo, a extinção da moeda política de troca de lotes por votos, o que viria, inclusive, a decretar o fim da tão propalada emancipação política feita em cima desses ativos. De fato, a preservação de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade não interessa nem aos políticos que ora correm atrás de votos nem aos especuladores que os financiam. Motivo: ambos (políticos e empresários) não sabem o que isso significa para a capital e sua gente nem a importância disso para o futuro da cidade.
A frase que foi pronunciada
A arte, como a natureza, cria formas para seus próprios fins, num mundo onde tudo é tanto tangível como intangível.
Tomie Ohtake, artista plástica
Remuneração
» No texto do projeto de lei que obriga o preso a trabalhar, por meio de nota técnica, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho propõe que haja a garantia da remuneração não inferior do salário mínimo vigente.
Mãos à obra
» Por falar nisso, uma parceria entre a administração do Varjão e a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap) possibilitará a prestação de serviços de manutenção, recuperação e conservação predial e de áreas públicas do Varjão.
Diagnóstico
» Em entrevista na CBN, o Dr. Rodrigo Rizek Schultz deu informações importantíssimas para famílias onde há idosos. Além de esclarecer situações importantes sobre o mal de Alzheimer, trouxe uma novidade de conduta médica. Os profissionais da saúde devem sempre perguntar ao paciente como está a memória. Se a resposta indicar uma pesquisa, os estragos da doença poderão ser minimizados.
História de Brasília
Ocorre, entretanto, que o sr. Sette Câmara só tomará posse na próxima semana, e até lá a cidade não pode esperar. (Publicado em 31/10/196