Líderes das associações das categorias negam que o movimento seja contra o julgamento do auxilio-moradia
Vera Batista
Magistrados e procuradores da República estão em greve e fazem protesto por todo o Brasil nesta quinta-feira (15/3). Os tribunais estão em esquema de plantão, com funcionamento apenas para casos mais graves e inadiáveis. As categorias fizeram uma procuração por reajuste dos vencimentos, independência da magistratura e contra vários projetos que tramitam no Congresso que querem enfraquecer as carreiras.
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Os líderes das associações das categorias negaram que o movimento seja contra o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do auxílio-moradia (benefício de R$4,3 mil mensais). Prova disso é que o movimento tinha sido marcado para hoje, quando o julgamento estava adiado de 5 de março para dia 22. Eles também afirmam que são trabalhadores da Lei e querem a independência da magistratura, por isso jamais fariam um movimento contra o julgamento e contra o juiz do STF que vai julgar o caso.
O evento foi aberto pelo presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Guilherme Feliciano. Ele afirmou que o movimento não era "de forma alguma" em defesa do auxílio moradia. "A greve é pela valorização da magistratura e do Ministério Público e também pela independência dos magistrados e da isonomia dos subsídios", concluiu.
Em seguida, o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, falou que o que chama atenção é que todas as carreiras de estado tiveram aumento, menos da magistratura. "Isso revela uma retaliação aos magistrados e procuradores, em consequência da atuação técnica dessas carreiras durante a Operação Lava-Jato, por exemplo", disse Veloso.
Em seu discurso, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Ângelo Fabiano Farias da Costa, lembrou que todas as carreiras tiveram aumentos que chagaram a 39% e eles pediam apenas 16,38%.
Para o presidente da Associação dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, o argumento de que não pode aumentar os subsídios dessas carreiras seria o ajuste fiscal, por falta de espaço orçamentário. "Mas que isso não se sustenta por conta da Emenda Constitucional n° 95, que estabeleceu o teto dos gastos, então isso significa que terá de fazer, por lei, um ajuste dos recursos disponíveis", concluiu Cavalcanti.