A Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) nomeou nesta sexta-feira o jornalista Raphael Gomide, da Folha de S.Paulo, vencedor do Grande Prêmio Lorenzo Natali 2008 de Jornalismo.
A organização, responsável pelo prêmio, decidiu entregá-lo a Gomide depois da acusação de plágio do material de Larrisse Houssou, do Benin, que chegou a ser apontado vencedor.
Devido à denúncia de plágio, recebida em abril deste ano, o júri independente do prêmio iniciou investigação para comprovar se as acusações tinham fundamento, segundo informou hoje a Comissão Europeia em comunicado.
Ainda segundo o órgão executivo da UE, Houssou não apresentou "explicações satisfatórias", levando o júri a retirar o prêmio e concedê-lo ao jornalista brasileiro.
Com uma reportagem sobre violência policial, Raphael Gomide conquistou o prêmio Lorenzo Natali 2008 para a América Latina e Caribe e, agora, acumulou a condecoração geral.
Para fazer a reportagem vencedora, intitulada "O Infiltrado - PM por Dentro" (íntegra disponível para assinantes da Folha e do UOL), Gomide participou do processo de seleção da Polícia Militar do Rio e trabalhou como recruta.
"Eu fiz concurso público, fui aprovado após sete meses de seleção e fui recruta da PM do Rio por um mês para tentar entender o papel da formação do soldado e o impacto desse treinamento na polícia que mais mata e mais morre no Brasil. A PM não tinha conhecimento de que eu era jornalista", conta Gomide.
A reportagem foi publicada no caderno Mais!, da Folha, em 18 de maio do ano passado e venceu também os prêmios Direitos Humanos de Jornalismo - RS e Anamatra de Direitos Humanos.
"A matéria revela que a PM não apenas tolera como por vezes até estimula a violência policial letal contra cidadãos brasileiros", diz o jornalista.