Dirigentes da entidade estiveram no Congresso, para abertura do ano Legislativo
A Medida Provisória (MP) 1099/2022 fere os princípios da administração pública e é revestida de inconstitucionalidade. O alerta é da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e consta de ofício enviado pela entidade ao presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com considerações sobre a medida, que cria o Programa Nacional de Prestação de Serviço Voluntário e o Programa Portas Abertas.
No documento, a Anamatra aponta que a MP contraria o objetivo anunciado de reduzir os impactos sociais e no mercado de trabalho causados pela pandemia da Covid-19 na inclusão produtiva do jovem no mercado de trabalho e na sua qualificação profissional. A MP, entre outras medidas, permite que prefeituras contratem trabalhadores de forma temporária, sem carteira assinada e com remuneração de R$ 5,51 por hora, em uma carga horária máxima de 22 horas semanais (8 diárias).
Segundo a Anamatra, nos termos do que dispõe a Constituição Federal, o vínculo jurídico com a Administração Pública em qualquer nível somente é possível nas hipóteses de investidura em cargo ou emprego público, criados por lei, e mediante aprovação prévia em certame público de provas ou provas e títulos; cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração ou mediante contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, II e IX). “Em vista da dicção constitucional vigente não há previsão de vínculo jurídico para prestação de serviços nos moldes definidos na aludida Medida Provisória, o que reveste a proposição da insuperável inconstitucionalidade”, esclarece.
A manifestação da entidade inaugura a atuação legislativa da entidade este ano. Nesta quarta (2/2), o presidente da Anamatra, Luiz Colussi, e o diretor de Assuntos Legislativos, Valter Pugliesi, participaram da sessão solene de abertura dos trabalhos legislativos. Na Galeria do Plenário da Câmara dos Deputados, os dirigentes da Anamatra acompanharam a solenidade, conduzida pelo presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, com a presença dos chefes dos três Poderes. A programação da solenidade incluiu apresentação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que anunciou a entrega de relatórios que, segundo ele, demonstram “que o Judiciário se reinventou neste momento tão difícil”, ao se referir ao período pandêmico.
A cerimônia foi encerrada com o pronunciamento de Pacheco em defesa da democracia, segundo o presidente do Congresso, um compromisso de todos e de cada um dos brasileiros, tendo em vista que dela derivam outros tantos compromissos como a tolerância, o respeito às minorias, a igualdade, o bem comum, a solidariedade e, não nos esquecemos, a liberdade de imprensa. O senador também falou da necessidade do rompimento do “engessamento” do Legislativo em ano eleitoral, para que desafios como o desemprego, a ameaça da inflação, a desvalorização cambial, o preço dos combustíveis, a fome e a miséria possam ser superados.
Também discursaram na solenidade o presidente da República, Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira.