Presidente Noemia Porto conversou com o cineasta e diretor do longa-metragem, Renato Barbieri
A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), em parceria com a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), realizou, nesta terça (26/1), o Cine Debate sobre o filme “Pureza”. Na ocasião, a presidente Noemia Porto conversou com o diretor do longa-metragem, Renato Barbieri, para discutir os importantes aspectos sociais abordados no filme, especialmente no que se refere ao trabalho escravo. O debate foi transmitido pelas plataformas da Anamatra (YouTube e Facebook),
O filme, estrelado pela atriz Dira Paes, foi disponibilizado para as associadas e associados da Anamatra, que puderam assisti-lo de forma exclusiva, já que a obra ainda não foi disponibilizada ao público em geral. A obra é inspirada em fatos reais e conta a história de uma mãe (Pureza) que sai em busca de seu filho (Abel), desaparecido após partir para o garimpo na Amazônia. Em sua busca, acaba encontrando um sistema de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais. Pureza, se emprega numa fazenda, onde testemunha o tratamento brutal de trabalhadores e o desmatamento da floresta. Escapa e denuncia os fatos às autoridades Federais. Sem credibilidade, e lutando contra um sistema forte e perverso, ela retorna à floresta para registrar provas.
A presidente, em sua fala inicial, lembrou que o evento se insere nas diversas atividades que compõem Semana de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil, alusiva ao assassinato de auditores fiscais do trabalho, no dia 28 de janeiro de 2004, em Unaí (MG), que depois ficou conhecido como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. “O evento de hoje é, antes de tudo, um compromisso de uma magistratura especializada que se importa. Uma Magistratura que não é e nunca foi indiferente. Que está apta a lidar com os temas contemporâneos que afligem e impactam a sociedade brasileira. E apta, também, a participar da construção de um futuro que não seja uma mera repetição dessa nossa imensa dificuldade de romper o elo com um passado escravocrata, que ocoa até os dias de hoje”, ressaltou.
O diretor Renato Barbieri destacou o importante papel da Anamatra, como parceira na disseminação do filme. Para o cineasta, a temática abordada é gravíssima. Daí a importância do longa, que objetiva, ainda, descortinar a mentalidade escravagista, que ainda está entranhada na sociedade brasileira. “De fato, precisamos jogar luz sobre esse fenômeno, para que possamos sair desta barbárie, pois já não se trata de uma discussão entre direita e esquerda, mas sobre civilização e barbárie”, apontou.
Após a apresentação do trailer do filme, a presidente Noemia Porto e o diretor Renato Barbieri fizeram importantes abordagens sobre o filme. Mereceu destaque a atuação da atriz Dira Paes, bem como a mensagem passada pela personagem Pureza, por ela interpretada, que, entre outros aspectos, chama à atenção por ser uma personagem tão sem falhas, tão sem medo, resoluta e icônica. “Pureza é uma personagem construída para se tornar um símbolo, uma ideia, mas que é real. Ela é de um heroísmo que nos faz arrepiar a pele, heroísmo que precisa ser celebrado”, apontou a magistrada.
Ao falar da mulher que inspirou a personagem, Barbieri afirmou que ela é a mulher mais íntegra que já conheceu e ressaltou a sua postura resiliente diante dos desafios que se apresentaram. “Quando ela vai atrás do filho e descobre a escravidão, ela descobre uma força que nem sabia que tinha. É como acontece com a gente: a jornada nos empodera”, afirmou o diretor.
Os debatedores levantaram, ainda, importantes reflexões sobre questões como a real definição do que é escravidão, os significados das metáforas apresentadas, a marcante retratação do transporte dos trabalhadores escravizados, que são tratados como animais, entre outros.
Confira agora mesmo a íntegra do debate: