Professora Janaína Penalva fala sobre as políticas de inclusão e gênero

Docente da Unb participa do 1º Encontro das Lideranças Associativas das Magistradas da Justiça do Trabalho

A professora Janaína Penalva, professora e membro da Coordenação do Centro de Estudos em Desigualdade e Discriminação da Unb, foi a palestrante de abertura, na última sexta (7/12), no 1º Encontro das Lideranças Associativas das Magistradas da Justiça do Trabalho, realizado pela “Comissão Anamatra Mulheres”, que aconteceu na sede da Anamatra, em Brasília.


A palestra da docente teve como tema “Poder Judiciário e Políticas de Inclusão e Gênero: silêncios, omissões e expectativas”, o qual abordou a partir de uma perspectiva da necessidade da compreensão do movimento feminista como teoria política.


Ao falar sobre o liberalismo, Penalva explicou que o feminismo vai de encontro a esse movimento e da divisão entre o privado e o público e da consideração de um “indivíduo abstrato”, que não inclui a estruturação das mulheres, que foram socializadas para outros papéis e outras preferências (casamento, cuidadora, entre outros). “O privado em geral tem sido cultural e politicamente o espaço das mulheres, sendo o espaço público o de prestígio masculino”, apontou.


Desse pensamento de segregação, na avaliação da professora, decorre uma meritocracia machista e racista. “A antagonista da meritocracia é a incapacidade, sendo que o ‘fracasso’ é culpa da pessoa, nos únicos âmbitos que interessam ao liberalismo, redutor da vida ao sucesso no trabalho e na família.  Essa identificação entre sucesso e pessoa desvaloriza a mulher que está dentro do espaço doméstico, que não é visto como trabalho e não tem valor”, criticou.

Para Penalva, deve ser incentivada a participação da mulher na política e nas esferas de representação para debater esses problemas e tensionar concepções naturalizadas do que é o “ser feminino”. “Não adianta apenas remunerar o ‘cuidado’, porque ocorrerá a atribuição disso a outras mulheres”. Isso porque, segundo a professora, ainda haverá mulheres fazendo esse trabalho, por exemplo, em creches públicas e locais de cuidado de idosos. “Falta, e muito, alcançar a lógica do compartilhamento”, disse.


Debate – Após a intervenção da professora, as participantes do evento debateram as questões abordadas na palestra, entre elas a vice-presidente da Anamatra Noemia Porto, que conduziu o 1º Encontro das Lideranças Associativas das Magistradas da Justiça do Trabalho”.

“A presença feminina em mesas, comissões, colóquios pode, quando é observada, ser simplesmente protocolar e não de fato uma questão de compartilhamento de espaço, embora seja um começo. Na política associativa, os códigos de poder são masculinos. Há ainda a questão da mulher multitarefa, que não facilita o caminho para outras, reproduzindo assim os mesmos comportamentos”, apontou. As falas de outras participantes, em torno de 30 lideranças, também apontaram para a importância desse debate.


Confira fotos do Encontro em: https://www.flickr.com/photos/anamatra/

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