Entre 2010 e 2017, 236 crianças morreram em decorrência do trabalho irregular
“Causa espanto ao mostrar criança com serrote de verdade nas mãos, em face dos números do trabalho infantil no Brasil e do exército de acidentados do trabalho”. A afirmação é da diretora de Cidadania e Direitos Humanos da Anamatra, Luciana Conforti. A crítica da magistrada é dirigida à reportagem, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, no dia 15 de abril, a pretexto de elogiar a formação de crianças na Nova Zelândia, com base na autonomia de fazer atividades que “preparam para o futuro”.
Na avaliação da magistrada, a reportagem, entre outros problemas, ignora os graves números de acidente do trabalho entre crianças no Brasil. “O modelo da Nova Zelândia é discutível de ser aplicado no Brasil, já que além de reforçar a naturalização do trabalho de crianças, também não adota cultura de prevenção de acidentes, o que, fatalmente, agravaria os já preocupantes problemas nacionais existentes”, alerta a magistrada.
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde revelam que, entre 2007 e 2017, 40.849 meninas e meninos se acidentaram enquanto trabalhavam, sendo 24.654 de forma grave, e 236 perderam a vida.
Entre os adultos que trabalham, o cenário também é preocupante. Segundo dados extraídos do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, entre os anos 2012 e 2017, a Previdência Social gastou mais de 26 bilhões de reais com benefícios acidentários. Além disso, foram perdidos 305.299.902 dias de trabalho com afastamentos previdenciários. No mesmo período, houve o registro de cerca de quatro milhões de acidentes notificados, dos quais apenas 646 mil em média por ano envolvem trabalhadores da economia formal. Os prejuízos são ainda maiores, porém a subnotificação é muito expressiva.
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