Ministro do TST fala sobre a OIT e o Direito Internacional do Trabalho diante da questão do amianto

Lélio Bentes afirma que saúde e a vida dos cidadãos são valores maiores que devem ser claros acima de qualquer interesse político e econômic

Na conferência que encerrou o primeiro dia do Seminário Internacional “Amianto e seus males: uma abordagem sócio-jurídica”, realizado pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e pela Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Lélio Bentes e membro da Comissão de Peritos da  Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstrou os principais pontos de discussão sobre o amianto. O ministro informou que o tema requer bastante cautela ao ser abordado, pois ainda existem divergências sobre a sua utilização.

Lélio Bentes abordou a Convenção 62 da OIT, ainda não ratificada pelo Brasil, que procura garantir uma política de saúde que proteja efetivamente a saúde do trabalhador e que contemple os passos a serem alcançados para melhorá-la. Nessa perspectiva de se estabelecer um processo crescente de aperfeiçoamento da proteção do trabalhador, a Convenção ressalta que as leis e regulamentos nacionais devem ser elaborados e periodicamente revistos à luz do processo técnico. “Hoje em dia o debate que se coloca em termos simplificados reside na disputa sobre a possibilidade ou não do manuseio seguro ou controlado do amianto”, apontou.
 
Para Bentes, esse impasse não se resolverá por meio de uma simples interpretação legal da Convenção. “É necessário o acúmulo do conhecimento cientifico, para colher informações acerca das conseqüências do trabalho com o amianto”, afirmou, ao explicar que o fato de a Convenção não estabelecer de forma clara a obrigatoriedade do banimento não constituir justificativa para não cumprir esse objetivo. 

Nesse sentido, o ministro ressaltou que, desde a Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 2006 pela OIT, a Organização já tenta enunciar uma posição sobre o tema procurando refletir sobre a sua natureza polêmica. Naquele ano, a Conferência adotou uma resolução que estabelece que são necessários esforços em todos os países no sentido de abolir o uso do amianto ou assegurar o seu uso comedido.

No encerramento, Lélio Bentes destacou a necessidade de mais estudos sobre o amianto e informou que a partir de mobilizações como as que têm acontecido no Brasil, será possível se conduzir a um estado de maior clareza sobre o assunto. “A saúde e a vida de todos os cidadãos são valores maiores que devem ser claros acima de qualquer interesse político e econômico”, completou.

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