Sem uma vacina ou um remédio eficaz para combater a Covid-19, a única saída dos países para mitigar os efeitos da pandemia da doença causada pelo coronavírus é testar em massa a população - e não há outra alternativa para fazer isso que não seja com os testes rápidos.
A avaliação é de Paula Távora, médica e sócia fundadora da I9med, em webinar promovido pelo JOTA, que debateu "O cenário de diagnósticos de COVID-19 no Brasil".
No entendimento de Távora, em relação a outras doenças, testes podem auxiliar na identificação durante a fase aguda da doença. Para a Covid-19, entretanto, Paula destaca que os testes rápidos são de importância relevante para o mapeamento epidemiológico e identificação de anticorpos.
"Não há condições de fazer testes com outra metodologia que não sejam com os rápidos", destacou Paula Távora.
No esforço de ampliar a oferta de testes rápidos à população, o chefe da gerência-geral de Tecnologia de Produtos para Saúde da Anvisa, Leandro Rodrigues Pereira, destacou que a agência está sendo mais ágil em seus processos internos.
De acordo com dados apresentados por Pereira, desde o início da pandemia, chegou à Anvisa 326 protocolos para regularização de testes. Desses, 75 já foram aprovados e 40, rejeitados. Os demais ainda estão sob análise.
Segundo Leandro Pereira, a Anvisa tem levado em média 15 dias para analisar um teste. Assim, ele afirmou que a agência de vigilância sanitária também está se adaptando, no mesmo ritmo da sociedade.
"Programas que discutíamos há anos, estamos concluindo agora. Esse momento faz com que sejamos mais ágeis", disse.
Autorregulação
No webinar, o presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Gouvêa, destacou o papel da autorregulação de entidades em relação aos kits de testagem disponíveis no mercado.
De forma voluntária, o programa avalia a efetividade dos kits em parceria com diversos laboratórios, sempre buscando identificar os casos positivos a partir de determinado dia da infecção.
"Assim, passamos uma referência ao mercado público e privado, mostrando que tal teste é melhor para tal finalidade", explicou Gouvêa.
Na avaliação do presidente-executivo da CBDL, quem terá papel fundamental na testagem em massa da população são as farmácias. "Estamos vivendo uma situação excepcional. Assim, precisamos testar o máximo possível, e as farmácias dão a capilaridade que precisamos."
Complementando a fala de Carlos Gouvêa, o CEO da ABRAFARMA, Sergio Mena Barreto, disse que, além dos hospitais, as farmácias também estão na linha de batalha, "fazem parte da guerra e é hora para estarem com as mangas arregaçadas para ajudar a população".
"As farmácias serão uma saída para quem precisar de uma resposta rápida para um problema", disse Barreto.
A conversa sobre o enfrentamento à Covid-19 fez parte da série de webinars diários que o JOTA está realizando para discutir os efeitos da pandemia na política, na economia e nas instituições. Todos os dias, tomadores de decisão e especialistas são convidados a refletir sobre algum aspecto da crise.
Entre os convidados, já participaram do webinar estão o apresentador e empresário Luciano Huck, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, o presidente do STF, Dias Toffoli, o ministro Gilmar Mendes, o ministro Luís Roberto Barroso, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), a presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Fausto Pinato (PP-SP), o economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa; além de representantes de instituições como a Frente Nacional de Prefeitos, a Confederação Nacional das Indústrias e a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho.
Guilherme Pimenta - Repórter