Fonte: Correio Braziliense
20 de janeiro de 2017
Ministros e ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outros tribunais superiores ficaram chocados com a morte de Teori Zavascki, o relator da Operação Lava-Jato na Corte. Em Portugal, seu colega de turma ministro Gilmar Mendes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tentou por uma hora entrar em contato com Teori depois que soube da suspeita de que ele estaria no avião que caiu em Paraty e ficou abalado com a confirmação da morte: "Ele não era apenas um colega. Eu era amigo dele. Muito, muito. Não tenho condições de falar", disse.
O ministro do STF Luís Roberto Barroso qualificou o acidente como uma "trapaça da sorte": "Teori era um homem íntegro, preparado e trabalhador. Perco um amigo querido, que eu recebia em casa com frequência. O Tribunal perde um juiz especialmente vocacionado. E o país perde um grande homem. Somos, todos, vítimas de uma trapaça da sorte."
O presidente em exercício do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho Nacional de Justiça, Humberto Martins, destacou que o ministro era conhecido por sua ética e sensibilidade. "Com o destaque e brilhantismo que sempre o caracterizaram, prestava serviço inestimável ao país como ministro do STF. Perde a magistratura um exemplo de juiz e a sociedade brasileira, um grande homem público. Altivez de caráter, ética, dinamismo, sabedoria e sensibilidade humana são qualidades que tornam o ministro Teori exemplo a ser seguido por gerações de hoje e do amanhã", disse.
Atuações históricas
O presidente do Superior Tribunal Militar, ministro Artur Vidigal de Oliveira, ressaltou a participação de Teori em julgamentos históricos. "Neste momento de pesar, prestamos homenagem à memória deste grande magistrado, por sua destacada atuação em julgamentos de grande relevância para a história recente do Brasil, e confiamos à providência divina os seus familiares e amigos mais próximos", declarou. Associações de magistrados também prestaram homenagens a Teori.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, emitiu uma nota de pesar, na qual lamenta a morte de Teori e afirma: "Zavascki honrou o papel de magistrado, ao atuar de forma ética, isenta, discreta e extremamente técnica durante toda sua carreira. Na relatoria da Operação Lava Jato no STF, o ministro não hesitou em adotar medidas inéditas para a Suprema Corte, a pedido do Ministério Público Federal".
Janot é responsável por apresentar ao STF denúncias que envolvem políticos com foro privilegiado. Relator da maior operação de combate à corrupção no país, Teori, antes do acordo da Odebrecht, homologou 24 delações premiadas que permitiram o avanço da Operação Lava-Jato.
Lamento e cobrança
Em nota de pesar, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) disse que a morte repentina de Teori "estarrece a todos" e ressaltou que, nos últimos anos, o ministro "ensinou aos operadores do direito e a todos que acompanhavam sua carreira na mais alta Corte do país a ser um exemplo de parcimônia e responsabilidade na atuação judicante". A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) também lamentou a perda do ministro e cobrou que as causas do acidente sejam esclarecidas "com a maior rapidez e transparência possível".