De acordo com o secretário-geral d. Leonardo Ulrich Steiner o processo de impeachment e a crescente intolerância política não constam da pauta do encontro que começa nesta quarta, mas devem ser incluídos
APARECIDA - O atual momento político do País, com o risco de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), deve dominar as discussões da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que será aberta nesta quarta-feira,6, em Aparecida, no interior de São Paulo. De acordo com o secretário-geral d. Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília, o processo de impeachment não consta da pauta, definida no mês de outubro, mas deve ser incluído durante a assembleia. Se o conselho pastoral fizer a proposta e a assembleia aceitar, será feita essa discussão, pois a assembleia é soberana para incluir novos assuntos.
A intolerância política que, na visão da CNBB, pode comprometer a unidade nacional, também não consta dos temas centrais, mas pode igualmente ser inserida, segundo d. Leonardo. Temos nos pronunciado em conjunto com outras entidades sobre o que chamamos de intolerância política. Se houver inserção na pauta, será colocada em votação e a assembleia pode se pronunciar. Segundo ele, a CNBB já se posicionou no sentido de haver respeito às manifestações e às diferenças de ideias. Temos visto acontecerem manifestações agressivas até na relação entre pessoas da mesma família.
De acordo com d. Leonardo, a Igreja reconhece a importância da política na vida das pessoas e os bispos devem refletir sobre a realidade nacional e a. Existe uma tendência dos católicos de nos afastarmos da política. Criticamos muito os políticos e sentimos uma agressividade em relação à própria política e isso é grave. Uma sociedade não pode viver sem política e nossa participação como cristãos e católicos é muito importante. Pela política passam muitas decisões que podem ajudar na construção de uma sociedade mais fraterna e temos de pensar o Brasil a partir da ética e dos bons valores.
A 54ª Assembleia Geral da CNBB, com o tema central Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade Sal da terra e luz do mundo, segue até o dia 15 de abril. A assembleia, órgão máximo da CNBB, emana diretrizes a serem seguidas pela Igreja no País, em consonância com o pensamento do papa Francisco. Este ano, terá a participação de cerca de 320 bispos brasileiros.
Intolerância. Nesta terça-feira, 4, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho e a Associação dos Juízes Federais do Brasil assinaram com a CNBB documento em que afirmam que a polarização política cada vez mais radical está provocando reações carregadas de intolerância e gerando o risco de uma preocupante escalada da violência, em prejuízo de toda a Nação. As entidades afirmaram ser preciso consolidar a luta contra a corrupção e fizeram um apelo a toda a sociedade brasileira e suas instituições para que se engajem na incansável busca pela Justiça e pela Paz.
José Maria Tomazela, especial para O Estado - O Estado de S.Paulo