SEVERINO MOTTA
DE BRASÍLIA
A Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) divulgou nesta quarta-feira (7) uma nota em que rebate as críticas feitas pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, que chamou de "politiqueiros" os magistrados ligados à direção de associações.
De acordo com o presidente da entidade, Paulo Schmidt, Barbosa não deveria dizer que é um cidadão correto como forma de autoelogio e nem tentar, com isso, obter privilégios.
As divergências públicas entre o presidente do STF e as cúpulas das associações de magistrados começou em torno da criação de mais tribunais regionais no Brasil --Barbosa é contra; as associações, a favor-- e se intensificou após reportagem da Folhamostrar que Barbosa comprou um apartamento em Miami por meio de uma empresa que abriu, o que lhe permite benefícios fiscais.
Barbosa diz que iniciativa das associações de juízes é "politicagem" Juízes divergem ao avaliar se Barbosa desrespeitou ou não a lei da magistratura Barbosa é questionado por compra de imóvel Barbosa cria empresa para comprar imóvel em Miami
Na terça, Barbosa reiterou que a aquisição foi feita regulamente, com recursos próprios, e acusou as associações de "politicagem" ao tentar levar o assunto para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Schmidt também disse que o conselho é o foro correto para se discutir a possibilidade de um magistrado ser ou não diretor de empresa.
Na nota o presidente diz que juízes de primeiro grau que constituíram empresas no exterior quando ainda estavam na ativa foram alvo de investigações do Ministério Público.
"Honestidade e correção são deveres de todo e qualquer cidadão brasileiro. Não deveriam ser traços distintivos para autoelogio, nem garantem privilégios", diz a nota da Anamatra, que acrescenta: "A Anamatrae os magistrados brasileiros não estão interessados nas opções de investimento de Sua Excelência [Barbosa], assunto de foro íntimo do cidadão. Até então, porém, entendia-se, como ainda se entende, ser vedado ao magistrado, em qualquer nível de jurisdição, independentemente de virtudes pessoais, titularizar sociedade empresária unipessoal com finalidade de lucro, ainda que com o propósito de adquirir imóveis próprios."
Ministro Joaquim Barbosa