- O CNJ nasceu de novo, pois o Supremo fez valer a Constituição - afirmou o presidente da OAB.
O vice-presidente da seccional da OAB em São Paulo, Marcos da Costa, chamou de "vitória da cidadania" a decisão do Supremo:
— Estamos resgatando um momento que se perdeu quando o Supremo não condenou o então presidente da República Fernando Collor de Mello. O mensalão é fruto desta impunidade. Trata-se de uma medida que garante que o abuso do poder não ficará impune. É uma vitória da cidadania, um momento decisivo no qual o judiciário resgata uma dívida de 20 anos com a sociedade - afirma Costa, completando que a votação apertada já era esperada, mas que nem por isso tem menos valor.
O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, afirmou, por meio de nota, que a decisão do STF representa uma vitória para a sociedade brasileira, já que o CNJ é visto como um “instrumento de democratização do Judiciário”. Para o presidente da OAB-RJ, as corregedorias são “historicamente inoperantes e nunca enfrentaram como deveriam os desvios de conduta praticados por magistrados”.
Em entrevista ao blog de Frederico Vasconcelos, da “Folha de S.Paulo”, a corregedora do conselho, ministra Eliana Calmon, disse ter ficado emocionada com o voto da ministra Rosa Weber:
- Quando ouvi o voto da ministra Rosa Weber (pela manutenção dos poderes do CNJ para investigar juízes) minha cabeça não aguentou.
A corregedora nacional de Justiça prometeu fazer uma avaliação do julgamento nesta sexta-feira, mas antes desabafou ao blog:
- Queriam minar minha credibilidade no Judiciário.
Para o jurista Walter Maierovitch, a decisão do STF de resgatar as competências originais do CNJ foi uma interpretação acertada da Constituição, sem deixar de lado o anseio da sociedade por transparência e pelo princípio da igualdade, evitando o corporativismo.
— A decisão garante um poder correcional igual para todos. Não temos mais togas privilegiadas. O grande perdedor foi o corporativismo não republicano dos magistrados brasileiros que entraram com a ação — avalia Maierovitch.
Preocupação agora é com sobrecarga de trabalho no CNJ
A decisão do STF foi considerada “correta” também na opinião do novo presidente da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro (Amaerj), desembargador Cláudio Dell’Orto.
Mas ele diz que resta saber, no entanto, se o conselho não ficará sobrecarregado com investigações.
- Isso poderá gerar uma sobrecarga de trabalho para o CNJ e uma dificuldade até maior de fiscalizar as próprias corregedorias - disse o desembargador, que assume nesta sexta-feira na Amaerj.
A entidade defendia uma solução intermediária entre a posição de Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), contra a investigação do CNJ antes de atuação anterior das corregedorias dos tribunais locais, e o modelo em vigor, que permite a atuação livre do conselho. A Anamatra entendia que a CNJ deveria apresentar uma justificativa para iniciar a investigação contra um magistrado antes das corregedorias locais.
— Defendíamos que pudesse haver competência corrente, mas precisaria haver motivação. Era um cuidado secundário. A decisão do STF foi um pouco além, é mais ampla.
— A decisão, a gente respeita, como é óbvio, e não parece que será grande problema para o Judiciário – completou.
Sant’Anna avalia ainda que a decisão do STF será mais benéfica ao país do que caso prevalecesse a posição da AMB, contrária às investigações.
— Como disse ministro Ayres Brito no julgamento, a luz do sol é o melhor detergente.
— Os juízes por natureza aceitam as decisões tomadas pelos tribunais superiores.