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A justiça injusta com o seu representante - O Juiz

Por Rosa Graciéla de Campos Lopes, psicóloga

 
Por Rosa Graciel de Campos Lopes
 
        Sabemos que para sermos justos necessitamos olhar para os dois lados. Seja dentro e fora de nós ou a situação de uma pessoa e de outra envolvidas num mesmo problema. Às vezes me pego questionando a Justiça–Estado, que oferece um dos concursos mais difíceis da carreira jurídica para os vocacionados a serem magistrados.

         Logo que passam no dificílimo certamente são mandados para cidadezinhas distantes da capital e muitas vezes de sua família. Cidades estas, que por serem muito pequenas, e a função do juiz exige neutralidade absoluta, obrigam os magistrados a ficarem confinados no fórum e em casa. Eis o primeiro preço a ser pago pelo exercício da função: solidão. Solidão esta que muitas vezes contribui para hábitos perigosos: como o de trabalhar demais e se afastar do mundo.

         Essa pessoa, o juiz, também é vista como nessas cidadezinhas e até na capital (em grau menor), como um ser que não é humano. O ser humano tem necessidades básicas como no emocional de se relacionar, ter amigos, conversar sobre assuntos importantes e sobre coisas sem importância, descontrair. Pode e deve sentir raiva, alegria, tristeza, frustração, decepção e outros sentimentos e sensações. Infelizmente, para a pessoa do juiz isso não lhe é “permitido” sentir.

         Outro preço pago – juiz “não pode” ser gente de verdade. Como pode um juiz errar? É como se o juiz fosse um semideus. Aparentemente isso é tentador, mas, no dia-a-dia, isso é desastroso para o emocional e psicológico de qualquer pessoa. Como ele irá passar anos morando no interior até chagar a capital, esses hábitos perigosos podem se tornar vícios em sua vida, levando-o não raras vezes ao buraco negro da depressão ou a fases depressivas.

         E o número de processos que cada um juiz fica responsável? É quase impossível uma pessoa que seja casada e que tenha filhos dar conta de milhares de processos. É como se o tempo todo o juiz fosse “convidado” por essa estrutura-modelo de trabalho a não existir como gente, mas sim produzir maciçamente decisões e mais decisões. E o resultado disso para a vida pessoal? Filhos sem a atenção necessária do pai/mãe juiz, pois o processo de educação de um filho exige tempo junto, requer esforço físico quando eles são pequenos e emocionalmente depois que crescem.

         A grande pergunta é: como alguém com um volume de trabalho tão grande conseguiria arranjar tempo suficiente para cuidar dos filhos e investir em seu casamento? Tenho tido o privilégio há alguns anos de conhecer bem de perto juizes que passaram por essas situações. Talvez seja esse conhecimento, que me traz essas indagações, essas inquietações. E agora novamente pergunto: como pode a Justiça ser tão injusta com aquele que a distribui? É um preço muito caro a ser pago pelos abnegados distribuidores de Justiça.

         Talvez a sociedade precisasse saber um pouco da verdade vivida diariamente por um juiz e assim investisse mais para dar-lhes uma qualidade de vida melhor ou pelo menos o direito de serem tão humanos como o dentista, médico, professor, engenheiro, psicólogo e outros. Assim, talvez parasse de olhar apenas para as mazelas do sistema judicial. Então, o dia da Justiça poderia verdadeiramente ser comemorado pelo seu representante - juiz - que quase sempre é injustiçado.

 

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(*) Por  ROSA GRACIELA DE CAMPOS LOPES, e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (psicóloga em Cuiabá/MT).

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