Saúde das magistradas e magistrados demanda política integral de atenção nos tribunais, aponta Anamatra

Entidade participa de evento do CNJ, com divulgação de pesquisa sobre o tema no contexto da pandemia

Traçar um panorama da situação das magistradas, magistrados, servidoras e servidores do Poder Judiciário, para construir estratégias na área de saúde e bem-estar. Esse é o objetivo pesquisa “Saúde Mental de magistrados e servidores no contexto da pandemia da Covid-19”. Os dados da segunda parte do estudo foram apresentados nesta segunda (7/2) no 4º Seminário Nacional sobre a Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário.

O evento é uma iniciativa do Comitê Gestor Nacional de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), coordenado pela conselheira Flávia Pessoa. O presidente Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra) e integrante do Comitê, Luiz Colussi, participou da abertura do evento. A vice-presidente da Anamatra, Luciana Conforti, foi uma das palestrantes do painel de apresentação da pesquisa.

Com a participação de cerca de 21 mil pessoas, a segunda rodada do estudo do CNJ, realizada entre os dias 1 e 17 de dezembro de 2021, revela que um número expressivo passou a ter sonolência e sensação de cansaço durante o dia (52%), alteração na rotina do sono (47.6%), dificuldade de concentração (46,3%), alteração no peso corporal (43,7%), entre outros sintomas. O aumento do volume de trabalho durante o período de atuação remota foi apontado por 54,8% pessoas, também verificado em relação ao número de horas dedicadas ao trabalho, cenário mencionado por 66,6% dos participantes da pesquisa. Clique aqui e acesse o estudo.

Em sua exposição, a vice-presidente da Anamatra fez uma análise do contexto da saúde das magistradas e dos magistrados no período anterior à pandemia. Segundo a magistrada, alguns abalos à saúde apontados pelos participantes já foram detectados em estudos anteriores e são recorrentes, tendo se agravado ou se tornado mais evidentes durante o período de isolamento social, como relatos sobre cansaço, humor, carga de trabalho, desânimo, entre outros. “Isso revela a necessidade de uma política integral de atenção à saúde, com um aprimoramento frequente nos tribunais. Há resultados recorrentes, o que retira a estrita vinculação coma pandemia e demonstra que são riscos próprios da atividade jurisdicional”, explicou.

Entre as realidades que devem ser observadas, na avaliação da vice-presidente, está o sistema de construção de metas, que podem exercer fator de opressão organizacional e, consequentemente, abalos físicos e mentais. “Isso torna indispensável o crescente aprimoramento e revisão da construção de metas, para que não reforcem um sistema produtivista e gerencialista, meramente quantitativo, mas também voltado à valorização das magistradas(os), servidoras(es), para a qualidade da prestação jurisdicional e satisfação dos jurisdicionados, porém em equilíbrio com a política de saúde, afastando os impactos ao bem-estar físico e mental e no sentimento de reconhecimento e pertencimento no âmbito do Poder Judiciário” , disse Conforti.

Pesquisas da Anamatra – Entre as pesquisas anteriores relativas ao tema, a vice-presidente recordou estudo realizado pela Anamatra em 2019 junto aos 24 TRTs, cujos resultados foram encaminhados ao Comitê Gestor. A pesquisa revelou número elevado de casos de afastamento das atividades funcionais em virtude de estresse, depressão, ansiedade e de outras doenças, como LER/DORT, as quais possuem direta vinculação com o trabalho. A pesquisa também revelou entre as causas comuns de absenteísmo os transtornos mentais e comportamentais (categoria F), que ocasionou o afastamento de 7,3% da força de trabalho.

A vice-presidente também mencionou pesquisa feita pela Anamatra em 2011, com a participação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Entre outros dados, 41,5% magistradas e magistrados do Trabalho declararam ter diagnóstico médico de depressão, 17,5% informaram usar medicamentos para depressão ou ansiedade, 54% dormem mal, 28% estão tristes atualmente e 51% disseram ser frequentemente ou muito frequentemente vítimas de insônia.

Confira a íntegra do evento, no canal do CNJ no Youtube:

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