Trabalho escravo: primeiro painel do webinário promovido pela Anamatra debate a história, as lutas e perspectivas em torno do tema

Mesa de debates foi presidida pelo diretor de Cidadania e Direitos Humanos, André Dorster

“Trabalho escravo: história, lutas e perspectivas”. Esse foi o tema central abordado pelo primeiro painel do Webinário “Escravidão Contemporânea no Brasil: persistências, resistências e combate”, realizado nesta sexta (28/1) pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).

O diretor de Cidadania e Direitos Humanos da Anamatra, André Dorster, que presidiu a mesa de debates, ressaltou a importância do evento e da data de hoje, apesar de se tratar de um momento tão triste para a sociedade, especialmente para aqueles que estão na linha de frente de luta contra esta mezela. “Esta é uma data emblemática e importante. A história nos ensina a pensar no futuro e deve nos inspirar a seguirmos em frente, a melhorarmos, e instar as nossas instituições no combate a esta prática tão nefasta, que é o trabalho escravo”, apontou.

Chaga histórica - O primeiro palestrante do painel foi o historiador e professor Antonio Alves de Almeida, que apresentou importantes aspectos de pesquisa liderada por ele, a qual explica a história da escravidão no Brasil, mesmo antes da chegada dos portugueses na região, desde o período colonial, passando por todas as etapas que levaram ao fim da escravidão, com a Lei Áurea, os desafios do processo de libertação, permeados pelo racismo, a relação do trabalho escravo e o capitalismo na atualidade, e as primeiras medidas de combate. Para o docente, “é um dever de todos - empresários, intelectuais e sociedade civil -, num plano local e global, combater essa chaga social. Acredito que o que estamos fazendo aqui é fundamental e, por isso, quero parabenizar a Anamatra, pois quanto mais visibilidade nos dermos a esta questão, mais meios teremos para erradicar essa chaga social”, frisou.

Responsabilização – O jornalista Leonardo Sakamoto destacou que o Brasil avançou no campo do combate ao trabalho escravo, mas ressaltou que ainda é preciso fazer muito mais, visando a redução das vulnerabilidades sociais e, especialmente, para a construção de uma regulação que venha a punir devidamente as empresas que atuam no Brasil (nacionais ou estrangeiras), que violam direitos humanos. "Há muita coisa que pode ser feita por atores públicos junto aos privados paga garantir que eles sigam leis e normas, mas, também para garantir que eles sejam responsabilizados pelo o que acontece em suas cadeias produtivas. É preciso tornar o trabalho escravo um mau negócio".

Resistência - No último bloco do painel, as coordenadoras executivas da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) Sandra Andrade e Sandra Braga, falaram dos muitos desafios de resistência para a comunidade da comunidade negra e quilombola, no âmbito rural. Como lembrou Sandra Andrade, “a desigualdade alimenta o trabalho escravo em nosso país e essa desigualdade tem cor e a maioria são negros, mulheres e crianças. Essa desigualdade só terá fim com educação, saúde e envolvimento de todos".

Na mesma linha, Sandra Braga afirmou que é preciso construir uma ação imediata e eficaz de combate ao trabalho escravo, com foco na redução das carências sociais, em favor da população residente nos locais de difícil acesso, que sofre com a privação de alimentos e de informação. “Estamos vivendo a escravidão da nossa juventude, da negação de direitos, da fome que assola o país. É preciso garantir a segurança alimentar do nosso povo, pois isso também é uma escravidão", alertou.

 

Assista o painel na íntegra (a partir de 59' 59"):

Nos links abaixo você confere as notícias sobre as conferências de abertura e encerramento do webinário, bem como sobre o segundo painel, que abordou o tema “Trabalho escravo: conceito e combate¨:

Especialistas defendem reforço do combate ao trabalho escravo no Brasil

-Trabalho escravo: especialistas analisam cenário jurídico e apresentam proposições a respeito do combate à mazela social


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