Para Anamatra, reforma trabalhista contribuirá para o agravamento do quadro no Brasil
À medida que a economia global se recupera num contexto de crescimento da força de trabalho, projeções indicam que em 2018 o desemprego global deverá permanecer em um nível semelhante ao do ano passado. A informação é do relatório publicação “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2018“, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
De acordo com a OIT, a taxa de desemprego global se estabilizou após um aumento em 2016. As projeções indicam que a taxa chegou a 5,6% em 2017, o que representa mais de 192 milhões de pessoas desempregadas no mundo. Mas, o grande gargalo, segundo a Organização, é a redução do emprego vulnerável, paralisada desde 2012. Estima-se que cerca de 1,4 bilhão de trabalhadores estavam em empregos vulneráveis em 2017 e que outros 35 milhões deverão se juntar a eles até 2019. Nos países em desenvolvimento, o emprego vulnerável afeta três em cada quatro trabalhadores.
Para a diretora de Cidadania e Direitos Humanos da Anamatra, Luciana Conforti, o cenário brasileiro pode ajudar a engrossar esses números, aprofundando a precariedade do mercado de trabalho nos próximos anos. “A reforma trabalhista aprovada recentemente no Brasil (Lei 13.467/2017) teve como um dos modelos, a alteração da legislação na Espanha. Passados cinco anos de aprovação da reforma trabalhista espanhola, o que se vê, é um certo aumento das vagas de emprego, mas de baixíssima qualidade, fazendo com que os jovens, mesmo que altamente qualificados, não consigam colocações compatíveis com a sua formação. O mesmo ocorreu no México. Enfim, mais do que comemorar a diminuição da altíssima taxa de desemprego, devemos analisar a qualidade dos postos de trabalho criados, para saber se realmente atendem às expectativas e promessas de crescimento e modernização do país”, analisa.
Metodologia – As estimativas globais de desemprego e de trabalhadores vivendo abaixo da linha da pobreza foram revisadas nesta edição do relatório, após melhorias em metodologias de dados e estimativas. Apesar disso, os números ainda são comparáveis e as tendências são consistentes, uma vez que a metodologia melhorada é aplicada a anos anteriores.
Embora o número de pessoas desempregadas tenha sido revisado para baixo em comparação com os dados apresentados na edição anterior do relatório, de 2017, a revisão reflete apenas o uso de dados e estimativas melhorados. “Os novos números não refletem uma perspectiva do mercado de trabalho global melhor do que o esperado nem significam que os números de desemprego tenham despencado”, explica o economista da OIT Stefan Kühn, principal autor do relatório.
Acesse o relatório da OIT na íntegra clicando aqui.