O vice-presidente da Anamatra, Paulo Schmidt, participou de audiência pública na tarde desta terça-feira (30/8) para debater a segurança dos membros da magistratura e do Ministério Público. Organizada pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e de Direitos Humanos e Minorias, a audiência reuniu representantes da magistratura - trabalhista, estadual, militar e federal -, do Ministério Público, do Ministério da Justiça, da Polícia Federal, da advocacia e da defensoria pública. “Precisamos garantir a segurança daqueles que lutam pela justiça no nosso país”, declarou a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), ao abrir os trabalhos da mesa.
Em sua intervenção, Paulo Schmidt fez questão de destacar que não são vulneráveis apenas aqueles que trabalham nas varas criminais. Segundo ele, os magistrados do Trabalho também sofrem com a falta de segurança país afora. “Poderia citar aqui dezenas de casos de ameaças de morte a juízes do Trabalho, incêndios em fóruns e outras formas de violência. E não são acontecimentos no interior. São em capitais, como no Rio de Janeiro e em Belém do Pará”, relatou. “Estou falando de crimes que acontecem muito perto de nós”, completou.
Além disso, o vice-presidente da Anamatra chamou a atenção para outros problemas que também ameaçam a integridade do magistrado e do membro do Ministério Público: a saúde. “A magistratura e o MP estão com a auto-estima muito baixa. E isso se dá pelo descaso do Estado brasileiro com estas duas carreiras que, ao fim e ao cabo, acabam respondendo pelo cidadão mais simples”, destacou Schmidt. “Estas duas carreiras estão sendo não apenas ameaçadas externamente, mas também estão sendo sugados internamente, e o Estado brasileiro não está com a devida atenção para com elas”.
Ainda sobre o tema, o magistrado divulgou para os participantes da audiência pública resultados de pesquisa encomendada pela Anamatra recentemente, produzida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os dados dizem respeito à saúde e às condições do exercício profissional dos magistrados trabalhistas. “Quase 18% usam medicamentos para depressão, 41,5% admitem ter ansiedade, 58% dormem mal, 37% estão tristes, 15% choram mais do que o costume e 50,9% são acometidos de insônia freqüente”, revelou Schmidt. “Além disso, a grande maioria dos juízes entrevistados associa isso às condições de trabalho, à exigência de metas, enfim, a essa pressão social que acaba se abatendo sobre estas duas carreiras”, acrescentou o vice-presidente da Anamatra.
Valorização
Paulo Schmidt aproveitou a oportunidade para anunciar que no próximo dia 21 de setembro as entidades representativas da magistratura e do MP realizarão ato público pela valorização das duas carreiras. A mobilização acontecerá em Brasília e tem como objetivo chamar a atenção para a saúde, segurança, previdência e política remuneratória dos magistrados e membros do Ministério Público.