“A Aids é uma epidemia que não conhecemos”

Ao palestrar no Seminário Aids e Trabalho, representante da Secretaria de Vigilância de Saúde alerta para a imprecisão dos dados estatístico

 

O  coordenador de direitos humanos, risco e vulnerabilidade (DHRV) do departamento de DST/Aids e hepatites virais da Secretaria de Vigilância de Saúde, Ivo Brito, foi um dos palestrantes desta sexta-feira (1º/7) no Seminário Aids e Trabalho, promovido pela Anamatra em conjunto com a Ematra da 9ª Região e a Escola Judicial.

Em sua intervenção, Brito falou da necessidade de rever o método estatístico que aponta para um total de cerca de 630 mil infectados com o vírus HIV no Brasil. “Nossos dados são produzidos a partir de uma estimativa baseada nos casos de HIV em mulheres gestantes”, alertou. Segundo o palestrante, o método só procede para epidemias generalizadas, o que não é o caso da Aids, que é concentrada. “Temos uma epidemia que não conhecemos totalmente, pois nossas medidas não são suficientes para a epidemia que temos no país”.

Entre os desafios para o HIV/Aids, na visão de Brito, estão a prevenção e o diálogo, o que deve incluir o ambiente de trabalho.  “Poucas empresas estão dispostas, por exemplo, a trabalhar a questão da orientação sexual”, disse. Isso pode gerar, segundo o palestrante, uma dupla discriminação, caso a pessoa seja soropositiva. “Trabalhar a questão do combate à homofobia no ambiente do trabalho ainda é um tabu. E essa falta de reflexão dificulta o desenvolvimento da prevenção”.

A questão da discriminação das pessoas que vivem com HIV/Aids também foi analisada por Ivo Brito, que afirmou que o problema está, em especial, na não disposição da sociedade em trazer à tona a questão da homossexualidade, por exemplo. “Temos uma epidemia relativamente baixa dentro da população se comparada com outras doenças transmissíveis. Ela se diferencia pela sua distribuição em segmentos que são, em geral, já discriminados e marginalizados. A carga simbólica que a epidemia traz cria um estigma de discriminação”.

Outro aspecto da abordagem de Ivo Brito foram os impactos do HIV/Aids no Brasil e no mundo: demográfico (redução da expectativa de vida), econômico (relação com o PIB) e impacto social.  Dados estatísticos da população brasileira acerca da epidemia também fizeram parte da exposição de Ivo Brito, que mostraram um aumento do número de infectados na região Sul do Brasil, onde se registra número expressivo de usuários de drogas injetáveis.

Ao final de sua exposição, Ivo Brito apontou o desafios para o combate da epidemia, entre eles a ampliação do acesso ao diagnóstico precoce, a promoção do acesso universal às atividade de prevenção, o incremento das ações para a redução da transmissão vertical do vírus, a sustentabilidade do acesso universal ao tratamento e a ampliação dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV/Aids.

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