Magistratura, Ministério Público e OIT debatem enfrentamento à exploração sexual comercial infanto-juvenil

Debate foi realizado na manhã desta terça-feira (17/05) durante seminário Trabalho Precoce e Direitos Humanos, no Rio de Janeiro

O enfrentamento à exploração sexual comercial infanto-juvenil e a responsabilização integral. Esse foi o tema do primeiro painel do “Seminário Trabalho Precoce e Direitos Humanos – A exploração sexual de crianças e adolescentes e o trabalho artístico como obstáculos ao desenvolvimento saudável e à cidadania”, que acontece até hoje (18/05) no Rio de Janeiro.

O painel, realizado na manhã desta terça-feira (17/05), foi presidido pelo ex-presidente da Amatra 13 (PB) e diretor eleito da Anamatra, André Cavalcanti, e contou com a participação do coordenador de Projetos do Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Renato Mendes, a presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores e Defensores Públicos da Infância e da  Juventude, Helen Crystine Corrêa Sanches, e o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (PB), desembargador Paulo Maia Filho.

 

“O trabalho sexual infantil é um problema de todas as Regiões brasileiras”, declarou o desembargador. O magistrado defendeu aos mais de 300 participantes do seminário que é competência da Justiça do Trabalho julgar processos de exploração sexual comercial infanto-juvenil. “Não tenho dúvida de que há relação de trabalho e, portanto, os casos devem ser processados e julgados pela justiça trabalhista”, disse Maia Filho.

 

 Sobre o tema, Renato Mendes ressaltou que a Justiça do Trabalho vem para somar no combate aos abusos às crianças e adolescentes. “Temos que buscar todos os elementos possíveis para proteger os jovens, seja pela Justiça Penal ou do Trabalho”, afirmou. “A  justiça trabalhista é mais  célere e pode ajudar na efetivação da justiça penal”, completou. “Não existe contrariedade entre ação penal e ação civil. Existe completariedade”, frisou o membro da OIT, ao comentar posicionamento de Maia Filho sobre o uso dos dois tipos de ação nos casos de exploração sexual infantil com fins lucrativos.

 

Renato Mendes aproveitou para chamar atenção para outro problema envolvendo a transgressão de direitos dos jovens: o tráfico de pessoas. “Depois do tráfico de armas, é o segundo maior tráfico”, contou. “Esta prática gera lucros, dividendos e as crianças estão neste bojo, seja para o trabalho forçado, seja para a exploração sexual”, destacou, ao mencionar  que é um problema  difícil de combater dentro da comunidade internacional.

 

Proteção. Em sua intervenção, a promotora de Justiça da Infância e Juventude Helen Crystine Corrêa Sanches alertou que é preciso reconhecer que a criança e o adolescente deixaram de ser objetos de tutela para serem sujeitos de direitos. “A partir daí temos que envidar todos os esforços contra a violência de seus direitos. E uma vez violados, fazer de tudo para proteger esses jovens, repreender os opressores, reparar os danos e não deixar que voltem a ocorrer”.

 

Ademais, a promotora lembrou que não cabe apenas ao Estado responsabilizar-se pela proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. “Cabe também à família e à comunidade”, destacou. “Tem que haver uma atuação integrada para uma proteção integral, a qual é estabelecida na nossa Constituição Federal e também nas convenções internacionais de direitos das crianças e adolescentes”, acrescentou Helen.

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