Meu caro amigo Luciano, presidente dessa gloriosa associação que é a Amatra 10; Caro presidente do TRT 10, João Amílcar Pavan, com quem tive a honra de praticamente começar na Justiça do Trabalho há 17 anos e com quem muito aprendi, sem nenhuma dúvida; Meu grande amigo Gustavo Tadeu Alkmim, de quem fui auxiliar na gestão de 1999/2001 e com quem tanto aprendi sobre o movimento associativo; Meu amigo Otávio Brito Lopes, parceiro de lutas, companheiro do Ministério Público do Trabalho; Meu caro Sebastião Caixeta, presidente da ANPT, também companheiro de luta; Meu amigo José Nilton Pandelot, diretor legislativo da Anamatra; Meu colega e amigo José Hortêncio, presidente da Amatra 23; Meus colegas da 10ª Região, funcionários da Anamatra e da Amatra; Meu amigo Alberto Pavie Ribeiro, advogado de atuação brilhante, assim como a Dra. Ana Frazão, que aqui também se encontra; Gilberto e Ricardo Newman, do Banco do Brasil; Meus colegas diretores da Amatra 10, todos cumprimentados na pessoa do presidente Luciano Frota.
Inicialmente, quero agradecer pela homenagem e a lembrança que, sem nenhuma duvida, faz parte do estilo generoso de Luciano e da amizade que nos une há muito tempo. Estou profundamente emocionado com a presença de todos vocês aqui e até mesmo com as palavras exageradas dos que me antecederam, mas não poderia deixar de fazer esse registro especial, agradecendo a todos os associados da Amatra 10, de modo particular ao colega Luciano Frota, pelo presente momento, revestido de uma singular importância para mim e porque não dizer da minha enorme gratidão.
É evidente que qualquer tipo de homenagem, qualquer distinção que recebemos pelo trabalho realizado, deve ser encarada sempre com imenso orgulho por quem a recebe. Quando a homenagem é prestada pela Associação tem uma diferença, porque aqui não há nenhum improviso, nenhum jeitinho, é tudo fruto da espontaneidade. O gesto tem um valor extraordinário. A homenagem da Associação é a mais significativa, é a que marcará para sempre.
É por isso que vou me dirigir de uma maneira informal a todos vocês e vou tentar em toda a minha manifestação não fazer referencia a uma prestação de contas ou trazer levantamento das atividades realizadas na presidência da Amatra 10 e da Anamatra. Se fosse assim, seria muito cansativo para todos, inclusive porque estão aqui mal acomodados. Mas já estou em clima de despedida como presidente da Anamatra e nos últimos dias tem sido essa a tônica dos meus discursos pelas várias Amatras que tenho visitado, com sinceros agradecimentos aos associados. É evidente que para mim o registro mais importante é o da 10ª Região, o da minha Amatra 10 e dos seus associados, a quem serei eternamente grato.
Em Campinas, onde estive há três semanas, houve a lembrança do final do mandato que se aproximava e ali em discurso proferido na posse da nova diretoria da Amatra 15, relatei um episódio que aconteceu comigo em Campinas e que me marcou profundamente. Eu fiz movimento estudantil secundarista em Fortaleza. E minha primeira viagem além fronteiras do Ceará foi para Campinas, mais especificamente para participar do Congresso da União Brasileira de Estudantes Secundaristas. Saímos num ônibus de Fortaleza e após três dias de viagem estávamos na bela cidade paulista, entre os meses de maio e junho de 1983. Como militante estudantil do trotskismo, sempre integrei as correntes políticas de menor expressão numérica, porém, as mais aguerridas e as de maior radicalidade prática. Mas ao descer em Campinas, fiquei impressionado com mais de três mil estudantes gritando palavras de ordem, numa movimentação intensa em toda a cidade. Ao deixar o ônibus com um casaco de inverno emprestado, pois estava saindo de um calor tremendo para uma cidade gelada, pelo menos para o meu padrão, usando um boné amassadinho à moda Lênin, me deparei com a cena dos três mil estudantes entusiasmados. Com tal imagem, definitivamente, tive a impressão de estar chegando a Rússia pré-revolucionária de outubro/novembro de 1917 e pude antever que a nossa revolução chegaria nos próximos dias. A impressão se desfez não muitas horas depois da minha chegada. Seguindo a tradição, num universo de mais de três mil estudantes, os verdadeiros trotskistas não passavam de 40, enquanto os virulentos estalinistas sequer permitiam que nossa voz tivesse algum eco. Concluí, a partir da falta de repercussão das nossas palavras de ordem, então, que eu até poderia estar na Rússia campineira, mas mesmo antes do auge da rebelião operária, já tinham nos deportado para o insurpotável inverno da Sibéria. Não tinha nenhuma dúvida quanto a essa alternativa. Até febre causada pela baixa temperatura tive.
Em Pernambuco, agradeci o apoio, também prestei homenagens, ressaltando o trabalho desenvolvido pelos colegas Hugo, Theodomiro e Edmilson, dirigentes sempre muito atuantes e presentes na atual gestão, depois da lembrança feita pelos colegas pernambucanos sobre o final da atual gestão da Anamatra.
Na última quarta-feira, antes do início de debate com o Professor Mauricio Godinho Delgado sobre ampliação da competência da Justiça do Trabalho, fui advertido por um amigo que foi me buscar no aeroporto. Na melhor da intenções, disse-me o colega que tinha gente demais no evento, cerca de 650 pessoas. E ele me pediu que falasse devagar, pois há dificuldade na compreensão das palavras pronunciadas com excessiva agilidade, quadro que oferece mais entraves a partir do meu sotaque que pode não ser compreendido em algumas regiões fora do eixo norte-nordeste. Ainda mais à vontade depois de tantas caminhadas pelo Brasil afora e já no clima de término do mandato na gloriosa Anamatra, respondi ao colega imediatamente e relatei o divertido episódio ao público presente naquele evento, logo na introdução da palestra, assegurando, no entanto, que tentaria fazer o melhor para que fosse compreendido por todos, ressaltando, porém, que tanto no Ceara, como em Brasília, não há nenhuma dificuldade em compreender os cidadãos de outros estados. E relatei isso por me empolgar cada vez mais ao poder falar desse país fantástico que é o Brasil. De uma gente investigada e conhecida pelo insuperável Darcy Ribeiro, sob a perspectiva da formação do seu povo, das diversas culturas, etnias e de tantas outras diferenças, positivas e negativas. Do meu Nordeste e do Norte que sofreram maior influência dos povos índios e negros, ao bravo e guerreiro povo do Sul, cuja influência européia tanto ajudou no desenvolvimento político e econômico do Brasil . Todos esses "brasis" diferentes dentro de uma só nação, que deveria ser mais justa com a sua classe desprovida de recursos, para só assim converter-se num País modelo.
E aqui quero, no momento mais importante dessa solenidade, discorrer sobre profecia e ação. Não quero dar palpite na profecia de religiosos. Não quero agitar Nostradamus. Enfim, não quero falar de nenhumadivinhador de plantão. Interessa-me o tema da profecia política. A profecia é, geralmente, um termo muito deturpado, que ganhou contornos notórios de desprezo, tal a vulgaridade das teses construídas em torno de catastróficas previsões.
Quando se fala em profecia todos se lembram daqueles que querem antecipar o futuro por previsões astrológicas, religiosas, ciganas, aventureiras e por outras do mesmo gênero, ou seja, sem nenhum cunho cientifico. Eu falo da profecia política que realizamos no dia-a-dia. Os cientistas políticos, os doutrinadores e todos nós, nas mais diversas situações, estamos sempre a projetar o dia seguinte, a refletir sobre o que vai acontecer no país, quem vai ser o próximo presidente da República, e qual será o quadro econômico do amanhã. Começamos a fazer profecias sobre nossas próprias vidas. Estamos a profetizar o tempo todo.
A História está repleta de grandes profetas políticos. O irrequieto Jean Jacques Rousseau foi um deles. Pensou numa paz entre os povos no seu famoso contrato social, numa paz duradoura, partindo do principio de que o povo é o único detentor da soberania, sendo que tal fato, evidentemente, não se concretizou.
O genial Karl Max, formulador de uma nova ciência cada vez mais combatida e debatida, exatamente o maior critico do regime capitalista, dizia que o esgotamento das forças produtivas do capitalismo levaria, inevitavelmente, ao fim deste sistema e ao movimento revolucionário da classe operária que implantaria a sociedade comunista, como também dizia o velho alemão que a revolução socialista começaria pelos países avançados. No finalzinho de sua vida, começava a ter olhos para a atrasada Rússia, uma sociedade que sequer havia chegado ao capitalismo da fase industrial.
John Maynard Keynnes, o grande economista do capitalismo social, chegou a dizer em 1926, que 100 anos depois daquela data, com certeza, encontraríamos uma sociedade perfeita, uma sociedade em que a acumulação de capital seria distribuída entre os milhões e, portanto, não haveria mais fome ou miséria. Ele até descreve um Estado tomado pela rotina, tal o grau de contentamento das pessoas na sociedade.
O velho Trotsky - o profeta armado, o profeta desarmado e o profeta banido que nos narra Isac Deustcher - assinalava que a União Soviética estava degenerada com o aparato da burocracia stalinista e por isso mesmo, precisava, urgentemente, sofrer uma nova revolução,esta apenas de conteúdo político, no sentido de varrer do mapa a burocracia que se apropriou do poder conferido aos trabalhadores pela revolução social .De uma coisa não tinha dúvida Leon Trotsky: a de que não haveria nenhuma chance do retorno do capitalismo na União Soviética. A classe trabalhadora, ainda que dominada politicamente pela máquina de opressão política de Stalin, jamais permitira a retomada dos meios de produção coletivizados pela propriedade privada.
Falei sobre profetas que projetam o futuro a partir de determinados fatos históricos. Rousseau ,por exemplo, pensou numa sociedade em que o único detentor da soberania fosse o povo. Marx imaginou que a classe trabalhadora pudesse contar com uma direção revolucionária nas suas lutas pela suplantação do capitalismo, tendo Trotsky evoluído para recomendar a construção imediata de tal opção para substituir os dirigentes que não aplicam a teoria marxiana na prática. Keynes idealizou um capitalismo capaz de distribuir riquezas à exaustão entre as camadas mais pobres da população.
Nem por isso podemos considerar que todos são profetas fracassados. Ao contrário. O grande pensador do século XX, Norberto Bobbio, que acaba de nos deixar, registrava que deve ficar claro que ele não fazia qualquer aposta sobre o futuro, pois a história é imprevisível. Não há, portanto, um mundo certo, um mundo comunista ou uma sociedade capitalista eterna, como nos ensina o sociólogo Emir Sader.
As profecias continuam a ser defendidas. Os neoliberais e os velhos liberais estão certos de que chegamos a etapa do fim da história, não existindo espaço para nenhuma mudança substancial e de que o capitalismo definitivamente passará a ser o único regime econômico da humanidade.
E o que dizer da profecia do grupo alemão de estudos políticos denominado Krisis, cujo principal teórico é Robert Kurz, reverbador da tese da sociedade sem trabalho, diante da revolução tecnológica intensa em curso? Alerta-nos quanto ao fim do trabalho. Se o fim do trabalho está tão próximo como ele prega, nós, juízes do trabalho, como tantas outras categorias profissionais, teremos que cuidar rapidamente em arranjar novas funções. Afinal, na concepção antes relatada, o valor trabalho é um elemento que vai desaparecer em breve e nos temos que viver numa sociedade que não seja dependente do trabalho. Vislumbro notório equívoco na conclusão, até porque o trabalho numa sociedade como a nossa, que ainda não cumpriu tarefas básicas para atender aos setores mais humildes e à cidadania, será necessário por muito tempo ainda.
Pois bem. O que eu quero dizer é que todos esses cientistas que projetaram, pensaram no futuro a partir de ações humanas, mediante a inserção das pessoas nas mais diversas tarefas e na participação efetiva em todas as etapas de luta . É a ação humana que determina o acontecimento de um fato histórico. Outros ingredientes podem auxiliar, é verdade.
Nenhum fato histórico surge em maior ou menor escala de forma absolutamente natural e espontânea. Dentro de tal contexto, devo considerar que os físicos levam uma vantagem enorme nas previsões quando é estabelecida qualquer comparação com o trabalho dos cientistas políticos. É que a ação humana pode até ajudar na confirmação de uma determinada previsão, mas são outros os fenômenos naturais que se movem para alterar o estado das coisas. Se os físicos estiverem certos, devemos preparar as futuras gerações para o fim do mundo daqui a alguns milhões de anos ou até em menos tempo, conforme estudos mais recentes, quando haverá o choque fatal entre cometas. É verdade, porém, que a ação humana, em tais circunstâncias, pode até retardar um pouco a explosão, mas será insuficiente para afastá-la de modo definitivo.
Para não incorrer em equívoco e por não ser detentor de autoridade no campo da ciência política, nenhum prognostico farei sobre o futuro. Mas não tenho como furtar-me ao direito de conclamar a todos ao campo da ação política, se pretendermos mudar alguma coisa.
Voltando a 1999, quando assumi a presidência da Amatra 10, declino da minha condição de analista privilegiado sobre o cumprimento ou não das metas que assumimos, até pela minha notória suspeição. Asseguro que ação política e determinação não faltaram em todas as ocasiões, jamais por ato isolado do presidente e sim, pela ação de muita gente, pois não acredito em trabalho realizado de forma individual. É evidente que há liderança, mas é necessário respaldo e o esforço coletivo funcionando. Tenho certeza que nas gestões da Amatra 10 e da Anamatra , como sempre aconteceu, a ação política esteve presente e de maneira contundente. E tanto não faltou, que algumas profecias foram a cumpridas.
A primeira profecia a de Tadeu, que ao tomar posse na Anamatra, disse ter certeza que a partir daquele momento, ele faria novos amigos como também muitos inimigos, vez o que embate de idéias e a tomada de posições políticas iriam assim determinar um novo quadro. Ainda iniciando no movimento associativo, devo confessar que o discurso de Tadeu deixou em todos a certeza de que nada se constrói sem o enfrentamento das adversidades, internas e externas.
Depois veio a profecia de Mario Caron. Quando formávamos a chapa para a Amatra 10, ele disse que, definitivamente, a partir da composição e do programa daquela chapa, a aparente tranquilidade política na Amatra 10 daria lugar ao confronto ideológico com maior nitidez, o que faria surgir o inevitável desgaste político. Parece-me que ele estava certo.
As críticas surgem com maior ou menor intensidade e algumas são mais duras. Quem faz política ou associativismo, seja qual for a esfera de poder, não pode encarar qualquer crítica como ofensa pessoal. Foi desta maneira que reagimos na Amatra 10 e na Anamatra, sempre respeitando os ataques, respondendo-os no campo político, pautando as nossas atitudes na ação política persistente para tentar confirmar tudo aquilo que algum dia nos propusemos a defender na Amatra 10 e na Anamatra.
E é nessa perspectiva que eu aposto na coletividade dos juízes, que acredito nessa pequena partícula de poder que é uma associação de juízes. Estou convencido de que só a intensa participação dos juízes nos dará a definitivamente essa condição de verdadeiro ser político que pensa e que faz. Por tal motivo, mais do que nunca, avançamos para o fim de uma gestão êxitosa na Amatra 10, uma gestão conduzida por Luciano Frota, que implementou inúmeras ações como o programa Cidadania & Justiça, criado na minha gestão e definitivamente implementado na gestão atual. Precisamos de maior envolvimento. Estamos no final de uma gestão e no início de uma outra, que terá o o colega Luiz Fausto como futuro presidente da Amatra 10. É hora de oferecermos a nossa contribuição para o engrandecimento da Amatra 10 e para que possamos dar definitivamente o nosso perfil coletivo nas questões internas e nos temas de interesse da sociedade brasileira.
Esse deve ser o papel de cada um aqui presente. Tendo ou não diferenças, enfrentem-nas mediante a participação, a crítica direta e o despreendimento. Há dificuldades na compatiblização da agenda individual com a coletiva. Temos uma vida de intensa agitação, os processos, os filhos, a companheira e o companheiro, além de milhares de coisas importantes na vida familiar e sei o quanto é difícil para cada um dar essa cota de sacrifício, entregar-se um pouco ao movimento associativo e ao coletivo. Não é fácil. Entendo ser fundamental ter essa compreensão para que o colega consiga compatibilizar o tratamento do interesse individual com odas demandas políticas coletivas. Não estou a pregar o fim da liberdade individual, mas apenas a reserva de algum precioso tempo para o todo, para as questões coletivas da associação.
Não sou nenhum referencial em matéria de união das questões individuais com as coletivas. Só a titulo de exemplo a não ser seguido pelos novos dirigentes, registro que outro dia, na minha casa, quando estava a escrever algo sobre o associativismo, depois de pedir para não ser interrompido, Cleonice, que também estava em casa, teve que fazer uso do telefone fixo para falar comigo. Seis meses depois que assumi a Anamatra, Catherine, minha filha e minha grande atriz, virou e disse: "papai volta pra Amatra 10". Então, perguntei o porquê e ela me disse que quando eu estava na Amatra 10, almoçava em casa, ia ao teatro infantil acompanhar as suas peças, cinema e tantas outras coisas legais, que agora não fazia mais, considerando que mesmo com a minha presença em Brasília-DF, o meu tempo de permanência em casa é reduzido. Compatibilizar é imprescindível. Ao pensarmos somente na nossa vidinha, reduzimos de maneira significativa a construção das melhores opções, deixando esse mundo muito sem graça e profundamente injusto.
Eu sei que, no plano individual "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã", como entoado na canção de Renato Russo. E no plano coletivo, é ter coragem para seguir a dureza de Geraldo Vandré em "aroeira", verso que bem traduz à resistência ao despostism "Eu também sei governar, madeira de dar em doído vai descer até quebrar. É a voz do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar". Se não agirmos assim, compatibilizando os nossos interesses individuais com os coletivos, a historia definitivamente passará ao nosso lado e nós não teremos feito nada para dela participar de alguma forma ou para alterar o seu curso.
Se não for deste modo, a profecia política do Presidente Luiz Fausto, para a próxima gestão da Amatra 10, sucumbirá, bem como todo o seu conjunto de ídéias e propostas.
Falei tanto em profecia, e estou quase encerrando esse improvisado discurso. Sou do Nordeste, de uma região mais seca do que a de Luciano, e sempre ouvi, desde criança, a mística da profecia, até mesmo cantada por Luiz Gonzaga e recitada em cordel por Patativa do Assaré. A profecia da qual se falava no Nordeste era a da chegada ou não da chuva. Eu sou filho de um homem do campo, que não acreditava em sistema meteorológico. Só que também não acreditava que a falta de chuva era castigo de Deus ou da falta de reza dirigida ao Padre Cícero. Era um homem muito cético, mas o ceticismo não era tão intenso porque ele sempre acreditou no canto e na fuga da Asa Branca como sinais da chuva e de sua falta. Sempre acreditou que se o João de Barro estava fazendo a casa era porque a chuva estava perto de chegar. O dia 19, dia de São José, era um marco, pois se não chovesse nesse dia a chuva não viria mais. Até acreditava no movimento dos animais como sinal de chuva. Era cético, mas nem tanto. Tratar de profecia é também lembrar de momentos da minha infância.
Talvez esteja aqui, mais uma vez, quebrando tudo quanto é profecia, diante de um grupo tão seleto e importante, responsável pelo julgamento das principais causas da sociedade: os conflitos entre capital e trabalho.Rompendo profecias como alguém lá do fim do mundo, de Novo Oriente, tive a oportunidade de dirigir uma fantástica associação que congrega mais de 3.300 juízes do trabalho. É para quebrar profecias de quem nasceu na roça, no sertão, e começou a trabalhar muito cedo, fico muito orgulhoso, não do ponto de vista individual, mas como cidadão e membro político de uma sociedade, de participar de um grupo tão importante como esse da Amatra 10 e da Anamatra.
Conclamo todos os colegas, mais do que nunca, para que possamos dar um pouco mais para a próxima gestão da Amatra 10, vez que profecia sem ação política, definitivamente, não se concretiza.
Muito obrigado.
Grijalbo Fernandes Coutinho