O presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho na 19ª Região – AMATRA 19, magistrado José Júnior, em recente pronunciamento à imprensa alagoana, disse o seguinte: "A terceirização tira a identidade do trabalhador". Tal manifestação bem expressa, nos nosso entender, um sentimento que ronda nossa sociedade: o "despertencimento". Com esse neologismo estamos tentando conceituar o estado daqueles que se sentem desprovidos de qualquer vínculo cultural, emocional, afetivo etc.
Nos dias de hoje, não se é mais cidadão brasileiro, natural de Maceió. Não! Aqueles que se julgam mais cultos, mais conhecedores das realidades de outros lugares por aí a fora, julgam-se cidadãos do mundo, e assim perderam suas raízes culturais.
Os vínculos afetivos também estão em completa diluição. Beija-se tantos por noite, que nenhum beijo tem significado! São tantos parceiros sexuais diferentes, que no sexo já não existe intimidade. São tantos casamentos destruídos, que é mais fácil divorciar-se que demitir um empregado com estabilidade, mesmo que provisória.
Mas qual é a relação entre tudo o quanto acima dito acerca de nossa sociedade atual e a terceirização? É que a terceirização é o "despertencimento" no âmbito das relações de emprego. O terceirizado é o trabalhador descartável, que pode estar hoje e não amanhã. O terceirizado é o colega de trabalho com o qual eu não posso formar vínculos mais sólidos. O terceirizado é o trabalhador que não pertence a qualquer lugar, bem como nenhum lugar lhe pertence!
Sou contra a terceirização, portanto, dentre outros motivos, porque ela "coisifica" (olha outro neologismo!) o trabalhador. Uma sociedade somente será equilibrada e feliz quando cada ser humano estiver vinculado ao outro, sentindo também suas alegrias, seus prazeres e suas dores. O trabalho somente será gratificante e produtivo quando o empregado entender que é uma engrenagem importante na empresa, que seu trabalho é valorizado, o que não ocorre na terceirização. Terceirizado não é pessoa, é produto!