Uma comissão de juízas do trabalho lançou na última sexta-feira (17) um abaixo-assinado em defesa da indicação de duas mulheres para ocupar as próximas vagas de ministros que serão abertas no STF (Supremo Tribunal Federal), de preferência uma negra e uma da carreira trabalhista.
Presidente da Comissão Anamatra Mulheres, criada pela direção da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho, a juíza Patrícia Sant'Anna critica a baixa representatividade feminina nos quadros do Supremo.
Ministros do STF durante sessão plenária da Corte - Carlos Moura/SCO/STF
"O STF teve somente três mulheres ministras em 132 anos, sendo que nenhuma delas negra, inexistindo assim paridade no principal tribunal do país", afirma.
"Além disso, é muito importante haver na Corte, de forma contínua e constante, a representação oriunda da Justiça do Trabalho, a fim de enriquecer a experiência e a visão própria da Justiça Social e do direito social para os debates da Casa."
No texto do abaixo-assinado, a comissão critica a inexistência de paridade de gênero no STF e afirma que a experiência de uma mulher negra ajudaria a combater o racismo e o machismo estrutural na sociedade. As juízas afirmam ainda que seria um avanço que contribuiria "para a reparação da dívida histórica com o povo negro em decorrência da barbárie da escravidão ocorrida no Brasil."
Até maio deve ser aberta a vaga do ministro Ricardo Lewandowski, que terá que se aposentar ao completar 75 anos, idade máxima para permanecer na Corte. Cinco meses depois, em outubro, a ministra Rosa Weber se aposenta.