Implementação de sistema, que deixa controle de informações bancárias com cliente, começa em novembro, diz BC A primeira etapa de implementação do open banking deve começar em novembro deste ano, com acesso público aos dados das instituições, como os canais de atendimento, produtos e serviços. Crédito: Pixabay
O setor financeiro espera aumento de competição a partir da implementação do open banking pelo Banco Central. A ideia é que os clientes bancários passem a ter mais controle sobre suas informações para conseguir melhores condições na hora de negociar crédito nas instituições financeiras.
O open banking é uma agenda que consideramos estruturante. Vai trazer mais liberdade para os clientes escolherem produtos e serviços, com um sistema financeiro mais inclusivo, afirma o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello. No atual cronograma, a implantação do open banking começa em novembro deste ano, com acesso público aos dados das instituições, como os canais de atendimento, produtos e serviços.
Para o diretor de Compliance do Creditas, Alexandre Graziano, é fundamental que a programação atual do Banco Central seja mantida. Uma decorrência dessa pandemia, é que provavelmente teremos mais concentração [no mercado de crédito], ressalta. As empresas menores têm um problema muito maior em uma crise como essa, e é mais um motivo para acelerar, ou ao menos manter o cronograma do open banking.
O economista-chefe e sócio da Stone, Vinícius Carrasco, que também é diretor executivo da Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (ABIPAG), explica que o open banking vai ampliar acesso à informação. Um insumo fundamental para você prover crédito é a informação. Você conseguir distinguir bons pagadores de maus pagadores faz uma diferença danada, destaca. Essa é a grande inovação, o grande avanço que o open banking traz. Faz uso do fato de que a informação é do cliente, diz. Uma vez que você tem a acesso a esse insumo fundamental para você dar crédito, as bases para haver mais competição aparecerão.
As considerações sobre o open banking foram feitas durante webinar realizado pelo JOTA nesta terça-feira com o tema Open Banking Impactos e efeitos no setor financeiro. O debate contou com o apoio da ABIPAG.
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O diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resoluções do Banco Central avalia que o open banking tem que ser visto como parte de toda uma agenda de equalização de condições concorrenciais. O open banking está inserido no cumprimento da missão do Banco Central, de um sistema financeiro nacional sólido e eficiente, diz Pinho de Melo. A jornada de consentimento tem que ser ao mesmo tempo segura e simples para o cidadão e a empresa. Estamos muito atentos a isso. Não pode ser algo impeditivo.
Vinícius Carrasco, da Stone e da ABIPAG, destaca que o open banking irá viabilizar uma infraestrutura que vai permitir o acesso aos dados dos clientes sem obstáculos. O grande desafio é você combinar essa grande inovação, que vai trazer competição, com formas seguras de compartilhamento de dados.
O open banking tem como elemento geral um fato celebrado na LGPD, o princípio de que a propriedade dos dados é do indivíduo, ressalta Pinho de Melo.
Alexandre Graziano, diretor de Compliance do Creditas, afirma que o open banking vai ter um papel fundamental para o ecossistema de fintechs e novos entrantes. Todas as empresas do setor, sejam elas de pagamento ou de crédito, veem no open banking uma iniciativa chave para ganharem mercado.
Segundo Carrasco, a ABIPAG vê o open banking como complementar a uma série de iniciativas e inovações regulatórias. Talvez a mais importante seja a regulação de portabilidade de crédito para pessoa jurídica.
Cronograma do open banking
Como citado no início da matéria, a primeira etapa de implementação do open banking deve começar em novembro deste ano, com acesso público aos dados das instituições, como os canais de atendimento, produtos e serviços.
Em maio de 2021, está previsto o início da coleta de informações de cadastro e transações de clientes;
Em agosto de 2021, começa o compartilhamento dos serviços de iniciação de transação de pagamento e de encaminhamento de proposta de crédito.
Por fim, em outubro de 2021, o cronograma prevê a ampliação do escopo de dados para incluir, entre outras, transações de câmbio, investimentos, seguros e planos de previdência complementar aberta.
A participação no open banking será obrigatória para os maiores bancos e voluntária para todas as outras instituições autorizadas.
Webinars
A conversa faz parte da série de webinars diários que o JOTA está realizando, durante a pandemia da Covid-19, para discutir os efeitos na política, na economia e nas instituições.
Todos os dias, tomadores de decisão e especialistas são convidados a refletir sobre algum aspecto da crise.
Entre os convidados, já participaram o presidente do STF, ministro Dias Toffoli; o também ministro do STF Gilmar Mendes; a presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS); o secretário especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia, Bruno Bianco; o economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa; Claudio Lottenberg, presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein; além de representantes de instituições como a Frente Nacional de Prefeitos, a Confederação Nacional das Indústrias e a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho.
Para assistir aos outros webinars do JOTA, clique aqui. Érico Oyama