Estratégia que envolve tribunais superiores, Justiça Federal e associações de magistrados será colocada em prática em 1º de abril para marcar importância de rebater notícias falsas.
O Judiciário começa na semana que vem uma reação contra ataques a magistrados e decisões judiciais em uma ofensiva que prevê postagens nas principais redes sociais contra a propagação de conteúdo falso, as chamadas "fake news".
Em outra frente, os tribunais de todo o país também usarão as redes sociais para apresentar dados positivos sobre a Justiça.
Projetos para melhorar a comunicação do Judiciário com a sociedade estão em gestação desde o ano passado, quando um comitê de comunicação foi instituído no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A motivação foi a eleição de 2018, quando magistrados passaram a ser duramente questionados nas redes sociais e também ser alvos de perfis falsos.
Acontecimentos recentes, como ameaças e vazamento de informações, levaram à reação do Judiciário aos ataques contra magistrados.
Para conter as agressões virtuais, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, determinou abertura de um inquérito para apurar ameaças à Corte.
A investigação, entretanto, foi alvo de questionamentos da Procuradoria-Geral da República e até mesmo de ministros do STF. O partido Rede Sustentabilidade chegou a ajuizar um ação na Suprema Corte questionando a iniciativa.
A ofensiva nas redes sociais é vista como outro passo para tentar combater as notícias falsas, mas também uma tentativa de aproximar o Judiciário da sociedade e melhorar a imagem dos magistrados perante os cidadãos.
As postagens da ofensiva do Judiciário começam nesta segunda-feira, 1º de abril, conhecido como Dia da Mentira. A escolha da data de início da campanha ocorreu justamente para marcar a importância de se rebater notícias falsas. A hashtag usada será #fakenewsnão.
Simultaneamente, representantes dos tribunais usarão a hashtag #aquitemjustiça! para apresentar informações positivas, como, por exemplo, processos analisados, ordens concedidas, decisões que levaram brasileiros a obter serviços.
Os detalhes da ofensiva nas redes sociais foram definidos em reunião na última quinta-feira (28) com representantes dos tribunais e de entidades ligadas ao meio jurídico.
A estratégia envolve representantes de todos os tribunais superiores (Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal Militar), além do Conselho da Justiça Federal (CFJ) e as principais associações de magistrados (Ajufe, Anamatra e AMB). O CNJ vai coordenar os trabalhos e será responsável por acionar os tribunais estaduais.
Outra iniciativa já em discussão, e que deve ser concretizada no segundo semestre, é a criação de um portal de notícias unificado de todo o Judiciário. Atualmente, cada tribunal tem um site.
A ideia é concentrar em um único local todas as notícias de todos os ramos da Justiça (comum, federal, eleitoral, trabalhista e militar) e destacar o que tem mais impacto para a sociedade.