A matéria especial “Impedidas: Machismo e Violência no Futebol”, publicada no dia 15 de janeiro de 2018, pelo Diario de Pernambuco/Superesportes e feita pela repórter Camila Alves, foi vencedora do prêmio Anamatra de Direitos Humanos deste ano. A reportagem conta a história de mulheres que estão em diversos âmbitos do futebol, como jogadoras, técnicas, árbitras e diretoras, e mostra o quanto as barreiras do preconceito advindo do machismo ainda persistem no esporte. Junto a isso, dados estatísticos foram levantados para mostrar que tal panorama ainda existe e persiste no futebol.
O material foi construído em seis meses, entre apuração, escrita e edição e concorreu na premiação com 74 outros trabalhos da categoria imprensa, subcategoria impresso. O prêmio é oferecido pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, órgão público que atua em prol dos direitos das pessoas no mercado de trabalho. E também condecora reportagens que tratam de temas ligados aos direitos humanos.
“Falar sobre mulheres no esporte já era um objetivo meu desde que entrei no jornal. Mas esse especial, em específico, começou a se construir por conta da repetição de um mesmo discurso. Quando comecei a cobrir o futebol feminino, a falta de estrutura não era novidade para ninguém, a gente sabe como funciona, mas sempre que eu saía em busca de histórias na modalidade elas se repetiam. Mulheres que perdiam oportunidades ou que se sujeitavam a situações de abuso, assédio moral e sexual pra continuar fazendo aquilo que elas gostavam”, contou Camila.
A reportagem especial apresenta casos como o da demissão da ex-treinadora da Seleção Brasileira feminina, Emily Lima, e também da primeira técnica mulher de um time masculino no Brasil. Foi falado também sobre jogadoras vítimas de assédio sexual e preconceito de familiares, amigos, da necessidade de conciliar a vida de atleta com outro trabalho, juntamente com a única árbitra FIFA no estado de Pernambuco e da única presidente mulher de um clube no Brasil.
“Então partiu de algo que começou somente com técnicas, por representar o mais alto cargo de liderança em campo, e terminou se desdobrando pra jogadoras, árbitras e diretoras também, abrangendo as quatro áreas em que as mulheres trabalhariam diretamente com o futebol. E nisso incluía a necessidade não só de ouvir a história dessas mulheres, como também dimensionar isso num âmbito maior do que o caso específico dela. Por isso que levantei a maior quantidade de números que pudessem mostrar isso, seja no estado, no país ou no mundo”, completou.