Debate da jornada
A jornada de trabalho brasileira está definida pela Constituição de 1988 com 44 horas semanais, no máximo. Na época em que foi estabelecida, ainda no século XX, a ideia era equilibrar as 24 horas do dia em oito de trabalho, oito de descanso e oito de lazer. Antes disso, os trabalhadores passavam mais de 12 horas nas fábricas. Com o avanço tecnológico, achava-se que as máquinas nos fariam trabalhar menos, mas a necessidade de produzir cada vez mais fez com que pouca coisa mudasse.
Reação negativa
Na semana passada, um discurso polêmico do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, reacendeu o debate. Ele falou na possibilidade de oficializar uma carga horária de até 12 horas diárias, limitada a 48 horas semanais. A reação negativa foi imediata por parte de órgãos de defesa dos trabalhadores. O presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), Germano Siqueira, classificou a ideia de "impensável" e alertou para o elevado número de acidentes do trabalho no país decorrentes da sobrecarga de trabalho.
Mais dias de folga
O presidente Michel Temer, no entanto, negou que o governo tenha intenção de propor mudanças para sobrecarregar ainda mais os trabalhadores. Segundo ele, a ideia seria trabalhar quatro dias na semana (por 12 horas) e ter os outros três dias de folga.
Futuro do trabalho
Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos na Bahia (ABRH-BA), Cezar Almeida, a tendência da jornada de trabalho em vários lugares do mundo e na visão da maioria dos especialistas é se manter ou reduzir. Cezar acredita que a discussão sobre a jornada de trabalho não pode ser feita separadamente do debate sobre a Reforma Trabalhista completa. "Nossa legislação é do século passado e as relações de trabalho hoje são bem diferentes", afirma.