DE SÃO PAULO
Os juízes federais e trabalhistas utilizaram ontem o início da Semana Nacional de Conciliação para pressionar a cúpula do Judiciário a aderir ao movimento por aumento de salário.
Organizado por associações de classes, a paralisação de dois dias dos magistrados foi antecipada com objetivo de "boicotar" as metas de resultados estabelecidas pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na sua principal campanha de produtividade.
Na semana de conciliação, que é feita desde 2006, os tribunais escolhem ações com mais possibilidade de acordo para reduzir seus estoques.
Os juízes, que têm salário inicial de R$ 21,8 mil, pedem um aumento de 28,86%.
A Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) afirmou que a adesão foi de 90%. No país, são 3.189 juízes trabalhistas.
Já a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) não estimou um número exato, mas informou que a adesão foi maior do que 50% em diversos Estados. A categoria conta com 1.734 juízes.
A recomendação das associações é que apenas fossem analisados os casos urgentes.
No Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, em São Paulo, o maior do país com 90 varas, os juízes não cancelaram as audiências que estavam previamente marcadas. Por isso, o movimento de advogados e pessoas foi normal.
Os juízes da capital paulista decidiram não homologar os acordos trabalhistas nos próximos dias para não serem computados na campanha. "A meta é acordo zero para não alimentar as estatísticas do CNJ", afirmou a juíza Patricia Almeida Ramos.
Na cerimônia de abertura da semana de conciliação em São Paulo, o presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Newton de Lucca, criticou a paralisação e ressaltou o apoio de "voluntários".
"Não serão protestos isolados, nem defecções de undécima hora que irão comprometer esta semana", disse.
O CNJ não avaliou o impacto do "boicote" à campanha. "Só quem vai perder com isso são os magistrados", disse o conselheiro do CNJ José Roberto Neves Amorim, coordenador da campanha.