Os juízes que cuidam de processos na Justiça Trabalhista enfrentam uma intensa rotina que se reflete na saúde. Uma pesquisa do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), feita com base em um questionário preenchido por 706 juízes, mostra que 33,2% dos magistrados tiraram licença-médica há menos de um ano. No último mês, 26% deles deixaram de fazer alguma tarefa por problemas de saúde. Dos entrevistados, 41,5% têm diagnóstico médico de depressão.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Luciano Athayde Chaves, é comum haver magistrados responsáveis por até 8 mil casos. "O juiz passa muitas horas em audiências. Depois, se recolhe de forma solitária no gabinete ou em casa para julgar processos, e ainda tem que impulsionar outros que já foram julgados. Isso cria uma pressão muito grande."
Para a professora Ada Ávila Assunção, autora do estudo, a intensidade do trabalho provoca cansaço mental e gera um alto índice de problemas, que, entre outras coisas, estão relacionados ao estresse. Na pesquisa, 17,5% dos juízes ouvidos afirmaram tomar medicamentos antidepressivos ou contra a ansiedade. "Elas (as condições) precisam ser agora objeto de políticas institucionais para melhorar esse quadro e, assim, reduzir a ausência ao trabalho e as licenças", afirma o presidente Luciano Chaves.